quarta-feira, dezembro 23, 2009

UM NATAL FELIZ


Para todos vós e para as vossas famílias

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Pobre....Poema de Vitor Cintra


















RESPEITO


Pelas beiras dos caminhos
Sabe Deus quantos velhinhos
Andarão neste Natal,
Sem que o mundo à sua frente
Lhes prometa que o presente
Não será sempre o normal.


Quando o hoje é semelhante
Ao passado, já distante,
Como o ontem foi igual,
O futuro não existe
Num presente, que é tão triste,
Sem prever melhor final.


O saber de muitos povos
Determina que os mais novos
Reconheçam no idoso,
Na velhice, ter direito
A viver com mais respeito
E uns anos de repouso.


Mas serão tão atrasados
Esses povos, apontados
Como gente mais selvagem?...
Ou será que o ocidente,
Se tornou tão indif'rente,
Que resusa aprendizagem? ...

 VITOR CINTRA

" Relances "

sábado, dezembro 12, 2009

SÓ TU...


És a mulher que me escuta
Nos desabafos e mágoas,
Sabes da minha labuta,
Do meu remar contra as águas.

Força moral mais acima,
Nos tais momentos mais tristes
És tu a  voz que me anima.
Graças a Deus, tu existes!

Toda a mulher que nos traz
Bons sentimentos, não visa
Dar em vulgar Pitonisa.

Tu - e só tu - és capaz
De transmitir-me essa paz
De que a minha alma precisa.


VITOR CINTRA

Do livro " Entre o Longe e o Distante "

sábado, dezembro 05, 2009

RUMOS



















Ditos que doem,
Vozes que moem,
Ais que destroiem,
Sensos errados.
Vidas vazias

Águas bravias,
Notas esguias,
Dizem-se fados.
.
Pedras que rolam
Ecos que isolam,
Ventos que assolam
Prumos e lados;
Mentes que brilham,
Mãos que dedilham,
Pés que andarilham
Rumos traçados.

.
Vítor Cintra
Do livro: Pedaços do Meu Sentir

terça-feira, dezembro 01, 2009

D. JOÃO IV























Co' a morte de Miguel de Vasconcelos,
Valido da duquesa vice-rei,
No reino, procurando outros modelos,
Lançava-se, em revolta, toda a grei.
.
Surgiu então o Duque de Bragança,
Após se ter o golpe consumado,
Que, por ter assumido a liderança,
Início dava assim ao seu reinado.
.
De novo Portugal, uma nação,
Vivia a independência restaurada,
Sabendo estar, apenas, começada.
.
E ao dar total apoio a D. João,
O povo o elegia seu senhor,
Chamando-lhe de rei "Restaurador".
.
Vítor Cintra
Do livro: HOMENAGEM

terça-feira, novembro 24, 2009

MUDANÇAS
















Sopram dos ventos
Alentos
De nostalgia,
Tardia,
Daquele amor,
Que a dor,
Cedo desfez
De vez.

Com violentos
Tormentos,
Que cada dia
- Se via -
Viriam pôr
Rigor
E sensatez!?
Talvez!...

Muda a razão de viver,
Muda-se a forma de ser.


VITOR CINTRA
do livro " Entre o Longe e o Distante "

sexta-feira, novembro 13, 2009

GROU






















No teu voo
Sobre as montanhas,
Arrasta a minha alma
E leva-a,
Até mergulhar nas brumas
Do sonho impossível
Dum amor inacabado.
E, grou,
Quando,
No teu voo elegante
Planares,
Sobre florestas de desânimo,
Ou penhascos de solidão,
Aponta-lhe os trilhos dos penitentes
E deixa-a,
Para cumprir
O seu carma de insanidade,
Nos suspiros de silêncio
Que o meu coração respirou.


VITOR CINTRA
do livro " Pedaços do Meu Sentir "

segunda-feira, novembro 09, 2009

Um Sinal..... poema de VITOR CINTRA






















Existe em ti um sinal
Que não tem noutra rival.
Quando tu passas na rua,
Um balançar sensual,
Que se vê ser natural,
Tem uma marca só tua.

A cada passo escorreito
Os seios tremem, dum jeito
Que, neles, prende o olhar;
E o corpo cheio, bem feito,
Provoca sempre um efeito,
Que é belo, no teu andar.

Cabelos soltos, ao vento,
Acabam sendo tormento
P'ra quem te vê, a passar,
Mas vem de ti um alento
Que, mesmo sem 'star atento,
Se nota. Fica no ar.


VITOR CINTRA
do livro " Pedaços do Meu Sentir "

domingo, novembro 08, 2009

NADA









Não tenho nada !

Nem terra, nem casa ou pão,
Nem mágoa, dor ou paixão,
Nem restos de uma ilusão,
Nem amizade aos que estão!
Não tenho nada de meu!

Não tenho nada!

Depois de tanto ter tido
E o mundo ter percorrido,
De haver brocados vestido
E ter co'os grandes vivido,
Tomando a terra por céu.

Não tenho nada!

Nem quero ter novamente!
Seja o futuro dif'rente,
Ou seja como o presente,
Que faz feliz tanta gente,
Que até vergonha perdeu.


VITOR CINTRA
do livro " Entre o Longe e o Distante "

quinta-feira, novembro 05, 2009

REFÚGIO
















Cai a noite, sopra o vento
Nas paredes da cabana;
Na lareira, um fogo lento
E o calor da sua chama.

Através duma vidraça
Vejo a neve, branca e fria,
Como manto, que ultrapassa

O sonhar da fantasia.

Chega o sono, no conforto
Do silêncio, que rodeia
Toda a vida desta aldeia.

Como barco num bom porto,
Ao abrigo das marés,
Sinto paz, mais uma vez.


VITOR CINTRA

do livro " Entre o Longe e o Distante "

domingo, novembro 01, 2009

LONGE



. .
.

.

.

.

.
Entre o longe dos teus olhos
E a distância das raízes,
Lembro dias bem felizes
Longe deste mar de escolhos.
.
Lembro um tempo, sem idade;
Julgo ouvir-te e o que me dizes.
- Turbilhão de tantas crises,
Toda a minha mocidade-.
.
Vejo, imagem da saudade,
O teu rosto, sorridente,
Que me anima docemente;
.
E, vivendo a crueldade
Dum deserto de distância,
Sinto a dor da minha ânsia.
.

VITOR CINTRA
do livro " Entre o Longe e o Distante "

terça-feira, outubro 27, 2009

FLORES















Não há lágrimas nas flores
Mesmo quando o tempo é triste,
Há beleza, que persiste
Nos matizes e nas cores.

Há encanto nos odores
E um toque de ternura,
Que enternecem na amargura
E cativam nos amores.

Não há lágrimas nas flores,
Há somente uma magia,
Que renasce a cada dia.

Nos festejos, ou nas dores,
Elas são o sentimento,
São conforto, são alento.


VITOR CINTRA

do livro " Entre o Longe e o Distante "

domingo, outubro 25, 2009

IMATURIDADE...poema de VITOR CINTRA



Tens cabeça de gaiata
Nesse corpo de mulher,
Quem a vida desbarata
Terá muito que sofrer.

Quem andar na vida "airada"
A pensar que está seguro,
No final vê-se sem nada;
Sem presente nem futuro.

P'ra que tal não aconteça
É preciso ter presente
- Assim é com toda a gente -

Que, na vida que começa,
Pode haver muita promessa,
Mas no fim tudo é di'frente.


VITOR CINTRA
do livro " RECADOS "

sexta-feira, outubro 23, 2009

BEIJOS poema de VITOR CINTRA



Um beijo só, abre o mundo,
Gera a visão, num segundo,
De doces céus, felicidade,
Sonhos, paixão, ansiedade.

Acende luzes, mil cores,
Loucos desejos, ardores.
Dita silêncios, ousados,
Com mil segredos trocados.

Desperta fadas, druidas,
Ondas de choque sentidas.
Cala o pudor dos sentidos.

Denvenda mundos perdidos,
Solta ilusões reprimidas,
Ânsias de posse sentidas.

VITOR CINTRA


do livro
" Entre o Longe e o Distante "

terça-feira, outubro 20, 2009

SINTOMAS....poema do Livro " Entre o Longe e o Distante " VITOR CINTRA



No teu rosto mágoa, sonho,

Alegria, dor, paixão,
O encanto, ou o medonho
Vazio no coração,
Um sorriso mais tristonho,
Confessando solidão,
São sintomas de que a vida,
Sendo intensa, foi sofrida.


Ficarei sempre a teu lado,
Mesmo que isso seja errado.




VITOR CINTRA
do livro " Entre o Longe e o Distante"

domingo, outubro 11, 2009

FANTASIA......poema de VITOR CINTRA




Nasceu no tempo do nada,
Filha de coisa nenhuma,
Sua madrinha era fada,
Vestia de sumaúma..

Ouvia, mas não falava,
Não tendo boca, comia,
Não era dócil, nem brava,
Apenas graça e magia..

Às vezes tornada louca,

Seguindo seu rumo à toa,
Fazendo mal, era boa..

Mas outras, com coisa pouca,
Tomando as asas do vento,
Tornava-se pensamento..



VÍTOR CINTRA


do livro " Pedaços do Meu Sentir"
(à vendas nas livrarias)

quarta-feira, outubro 07, 2009

TEUS LÁBIOS....poema de VITOR CINTRA


Teus lábios carnudos,
Macios, veludo,
Poemas de cor,
Ainda que mudos
Revelam, em tudo,
Desejos, ardor;

Em tempos tristonhos,
Por falta, suponho,
Das juras de amor,
Teus lábios risonhos,
Despertam o sonho
São beijos de flor.



VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "
(à venda nas livrarias)

quarta-feira, setembro 30, 2009

A TI ... poema de VITOR CINTRA


Aquilo que, nesta vida,
Me fez ser feliz, assim,
Foi ver que, embora sofrida,
Surgiste tu, de seguida,
Mostrando gostar de mim.

Se alguma coisa me deixa
Marcado, no bom sentido,
É ver-te, sem qualquer queixa,
Cuidar de quem te desleixa
No modo de ser, vivido.

Por isso quem te condena
Por passos, que desconhece,
Ou tem, por razão pequena,
Viver que nem vale a pena,
Ou nem sequer te merece


VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "
(à venda nas livrarias )

sexta-feira, setembro 25, 2009

COGITAÇÃO....poema de VITOR CINTRA


Vejo nas ondas
Em que me embalo,
Luzes e sombras
Com que me ralo.

Há nos segredos,
De que não falo,
Marcas dos medos
Que também calo.

Ditos tristonhos
Causam-me abalo,
Sobram os sonhos
Onde me instalo.


VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "
(à venda nas livrarias )

domingo, setembro 20, 2009

ESTRANHOS........poema de VITOR CINTRA



São estranhos os caminhos
Que nos levam ao amor,
Quantas vezes tão sozinhos
Que parecem ser de dor.
Mesmo assim tentamos todos
Seduzi-lo com engodos.

Seja ou não mera falácia
Quem detesta a eficácia?

VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "
(à venda nas livrarias )



sexta-feira, setembro 18, 2009

APENAS TU....Poema de VITOR CINTRA




Foste chegando.
Insinuante,
Meiga.
Pé ante pé,
Sorriso de alento,
Presente,
Constante,
Invadindo a minha alma.
Na voz doce,
O mimo e a calma,
O auto de fé,
Da alma, que é leiga.
O fim do tormento.
Já nada sobrando
Da angústia latente,
Qualquer que ela fosse,
Apenas tu.

A paz!




VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "
(à venda nas livrarias )





domingo, setembro 13, 2009

FUTURO.....poema de VITOR CINTRA



Se descubro na saudade
Algo mais do que a lembrança
É por ter, da mocidade,
O carinho como herança.

Vendo tempo de incerteza
Num futuro muito perto,
Sinto mágoas e tristeza
P’lo porvir tão pouco certo.

Deu-me Deus capacidade
De manter acesa a esp’rança
No surgir duma mudança;

E mostrar tenacidade
A tentar crer num futuro,
Mais distante, mas seguro.
VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "
(à venda nas livrarias )

sábado, setembro 05, 2009

BRUMAS..........poema de VITOR CINTRA




Nas brumas dos meus silêncios
Nascem visões encantadas,
Com ninfas, bruxas e fadas,
Sonhos de amor, sempre densos.

Nas brumas dos meus silêncios,
Onde os mistérios são nadas,
Surgem paixões exaltadas,
Feitas desejos, imensos.
.
Nascem lembranças, eivadas
De sensações adiadas
E cheiros breves, intensos,

São ilusões ansiadas,
Em desespero, guardadas
Nas brumas dos meus silêncios.



VITOR CINTRA
do livro " Pedaços do Meu Sentir "
(à venda nas livrarias)

terça-feira, agosto 25, 2009

VEJO........Poema de VITOR CINTRA



Das muralhas dos castelos
Que a minha alma levantou,
Vejo sonhos, quantos belos,
Que, por medo de perdê-los,
A razão não aceitou.


Vejo traços do caminho,
Que a paixão me aconselhou,
Mas que o medo de sozinho
Percorrer, devagarinho,
O amor não vislumbrou.
.
Vejo marcas da idade,
Porque o tempo já passou,
Lamentar que a mocidade
Nos negasse a liberdade,
Que o presente exagerou.


VITOR CINTRA

do livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(à venda nas livrarias)

quinta-feira, agosto 20, 2009

INTIMIDADE poema de VITOR CINTRA




As mãos que acariciam o teu rosto
E moldam com ternura, lentamente,
As formas dos teus seios e o ventre,
Despertam-te desejos, e a teu gosto
Acendem no teu corpo um fogo, posto
Em ondas de paixão, que se agitam.

A ânsia que domina os teus sentidos
E alastra, nesse fogo, pl´las entranhas,
Eleva-te mais alto que as montanhas,
Até que, com suspiros e gemidos,
Derramas-te em orgasmos repetidos
Às mãos que te dominam mas encantam


VITOR CINTRA


do livro " Pedaços do Meu Sentir "
(à venda nas livrarias )

quarta-feira, agosto 05, 2009

FRÉMITO.....VITOR CINTRA


Senti teu corpo abrir-se de desejo
No sôfrego trocar de longo beijo,
Fremindo em gesto impúdico de posse,
Disposto a consumá-la se assim fosse.

O meu, dando resposta ao desafio,
Que o teu, nesse fremir, lhe transmitiu,
Tomou o teu desejo por promessa
E uniu-se a esse frémito, com pressa.

Sem ter em conta os anos decorridos
P'ra lá, do que se diz, ser mocidade,
Entrados já, os dois, na meia idade,

Em louca cavalgada dos sentidos,
Soltàmos as amarras do prazer,
Deixando tudo o resto acontecer.

Vítor Cintra
Do livro "PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(à venda nas Livrarias)

quarta-feira, julho 22, 2009

DÓI....poema de VITOR CINTRA




Quero-te tanto que dói!
Mas, nesta dor miudinha,
Profunda, doce, daninha,
Há um encanto d'esperança.
Nela tu és, por lembrança
Dos tempos da mocidade,
O mito da f'licidade,
Que o meu desejo constrói.

Por cada mulher que vejo,
Sinto ternura e desejo.
E todas as que conheço.
Acho bonitas, confesso.
Mas sinto, porque te quero,
A dor do meu desespero.
Aquelas, com quem cruzei,
Só possuí, nunca usei.
Não fiz batota com elas,
Nem fiz promessas balelas.
Dei, nessas posses, carinho.
Não quis vivê-las sozinho.

Mas esta dor, que corrói
A mente, como a vontade,
Resulta da intensidade
Do teu fascínio. Enquanto
Minha alma cede ao encanto,
Meu corpo grita, bem alto,
Sentidos em sobressalto:
Quero-te tanto que dói!



VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "
( à venda nas livrarias)

terça-feira, julho 14, 2009

VENTO poema de Vitor Cintra




VENTO


Que, em brisa suave,
Acaricias o nosso amor,
Quando um dia,
Irmão de mágoas,
Aqui voltares,
Lembra-te
Que aqui nos viste
Amar
E murmurar juras eternas,
E, vento,
Se ela as quebrar,
Solta então a tua fúria
Para que o eco,
O cheiro,
E o sabor,
Deste amor,
Se dispersem pelo infinito
E ela sinta,
Que aqui,
De mim,
Nada restou.


VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "

domingo, julho 12, 2009

MEMÓRIA

MEMÓRIA

Vimos de tempos distantes
Doutro viver, doutras eras
Feitas de sonho e quimeras,
Onde já fomos amantes.
Redescobrir um momento,
Traz-nos surpresa e alento.
.
Ao relembrar cada um
Desses encontros perdidos,
Sobre o prazer dos sentidos
Temos memória comum,
Feita num outro passado,
Que se viveu lado a lado.

VÍTOR CINTRA
do livro "Pedaços do Meu Sentir"

sábado, julho 04, 2009

Duendes


DUENDES

Andam duendes à solta
Nalguns caminhos 'scondidos,
Só quem apura os sentidos
Pode senti-los à volta.

Ouvem, alguns, gargalhadas,
Outros só ouvem gemidos,
Nesses atalhos seguidos
Em noites mais estreladas.

É nesse mundo risonho,
Sem um temor desmedido,
Que cause dor, ou revolta,

Que, quem viveu um tal sonho,
Se mostra mais convencido
Que andam duentes à solta.

Vítor Cintra
do livro: Pedaços do Meu Sentir

sábado, junho 27, 2009

RELATOS.....VITOR CINTRA


.
Guardam os povos memória
De grandes feitos vividos;
São os percursos da História,
Que os homens hão percorrido.
.
Quantas histórias de enredos,
Com personagens reais,
Não nos relatam segredos
Feitos paixões imortais?!
.
Sobram relatos de horror,
De violências, batalhas,
De guerras feitas ao calhas.
.
Faltam relatos de amor,
De vidas sãs, alegria,
Vividas em poesia.
.
VITOR CINTRA
Do livro "PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(à vendas nas livrarias)

sábado, junho 13, 2009

RISCOS




Enquanto olho no tempo a minha vida
Preservo, com saudade, na lembrança,
Irmã, os nossos tempos de criança,
Deixados na distância percorrida.

A vida toma rumos imprevistos,
Difíceis de sonhar na juventude,
Mas tem, por isso mesmo, mais virtude
Saber vivê-la bem, vencendo riscos.

Aqueles que corri, e foram tantos,
Alguns co' o coração lavado em prantos,
Por força do fervor e da vontade.

Marcaram dalgum modo o meu destino,
Distante dos meus sonhos de menino,
Mas feitos na vivência da verdade.



VITOR CINTRA
do livro " RELANCES "

terça-feira, junho 09, 2009

SENSATEZ




Pensa, como o sábio pensa,
Fala, como o simples fala,
Cala, como o mudo cala,
Ama, com paixão intensa.

Vive, como ao ser criança,
Reza, como crente reza,
Julga com maior certeza,
Olha, com olha de esp'rança.

Porque quem sempre assim fez
Agiu com mais sensatez.


VITOR CINTRA
do livro " Murmúrios "

terça-feira, junho 02, 2009

TRIGUEIRA




O sol que, no deserto, te queimou,
Pintando a tua tez co'o seu matiz
Vestiu-te o seu sorriso mais feliz
E nunca, nunca mais, se retirou.

O brilho de azeviche, que ficou
Nos teus cabelos, negros de raiz,
Tem algo de mistério, que se diz,
Ter sido a perdição de quem te amou.

Escravo dum fascínio que não quis
Morrer, nem quando a vida te afastou,
Errante, pelo mundo, se arrastou

E nessa busca, infinda e infeliz,
Impôs-se, a cada esquina que dobrou,
Achar-te e todo o amor que o encantou.


VITOR CINTRA
do livro " Murmúrios "

quinta-feira, maio 28, 2009

CHEIRO





Teu corpo, poema ardente.
Frenética rima de ais,
Aurora, pedindo mais,
Com louco vigor, fremente.

Teu rosto, sorriso aberto,
Promessa, sonho, desejo,
Tornando-se a cada beijo
Tão quente, quanto tão certo.

E o dia feito uma hora,
Por entre os ais e os gemidos,
Festim, sem par, dos sentidos.

Mas, quando te vais embora,
Só fica o teu cheiro, intenso,
Enchendo o vazio imenso



VITOR CINTRA

Do novo livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR "



À venda nas livrarias, consulte:
  • Editora Temas Originais
  • terça-feira, maio 26, 2009

    LOUCOS




    Não são muitos, nem são poucos,
    Os poetas, bem seguros,
    Encerrados entre muros
    Sob o rótulo de loucos.

    São apenas os bastantes
    P'ra provar que a poesia
    É temida, e não devia,
    Tanto ou mais do que era dantes.

    Porque abordam quaisquer temas,
    Nas estrofes dos poemas,
    Incomodam co'as verdades.

    É por isso que os poetas
    São, por formas indirectas,
    Reprimidos entre grades.

    VITOR CINTRA
    do livro " RELANCES "

    domingo, maio 17, 2009

    SINTO poema de VITOR CINTRA




    Sinto crescer a vontade
    De perceber se o que dizes,
    Entre risadas felizes,
    É ou não é a verdade,
    Ou só disfarça deslizes.


    Sinto crescer o desejo
    De te cingir nos meus braços,
    P'ra te prender com abraços,
    E arrancar-te num beijo
    Todos os teus embraraços.


    Sinto crescer a ideia
    De que, bem mais do que mostras,
    São bem reais as propostas
    Duma visão que incendeia
    Esse viver, de que gostas.



    VITOR CINTRA
    Do Livro " Pedaços do Meu Sentir"
    Á venda nas livrarias

    quarta-feira, abril 15, 2009

    PEDAÇOS DO MEU SENTIR





    No próximo dia 16 de Maio, às 19,00 horas, no Auditório - Campo Grande nº 56, em Lisboa - será a apresentação deste novo livro de poemas, publicado sob a chancela da editora «Temas Originais, Lda».
    O livro, em cuja capa se reproduz uma tela da pintora Alvani Borges, tem Prefácio do poeta António Paiva e será apresentado pelo poeta Xavier Zarco.




    Saiba mais em

    TEMAS ORIGINAIS


    sexta-feira, abril 10, 2009

    QUADRAS




    Parte de nós chama o céu,
    A outra vive o inferno;
    Cobre-se a vida co'um véu
    Amargo por ser eterno.

    O homem tem dois encontros,
    O nascimento e a morte,
    Quando p'ra eles 'stá pronto,
    Pouco mais há que lhe importe.

    É cada terra um cadinho
    Onde há virtude e defeitos,
    Quer no Algarve ou no Minho
    Tem cada qual seus preceitos.

    Há, nos Açores, nove ilhas,
    Apenas uma é recreio;
    Em todas há maravilhas,
    E mais vulcões que receio.


    VITOR CINTRA

    do livro " À Distância "

    sexta-feira, abril 03, 2009

    MOIRA..............VITOR CINTRA




    Olhar de espanto
    Na madrugada,
    Vê, num recanto
    Da serra amada,
    Sair do manto,
    Moira encantada.

    Ao som dum canto,
    Vindo do nada,
    Dança, num pranto
    De condenada.
    Visão de encanto,
    Enluarada.



    VITOR CINTRA

    do livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
    (À venda nas Livrarias)

    domingo, março 29, 2009

    IMATURIDADE



    Tens cabeça de gaiata
    Nesse corpo de mulher,
    Quem a vida desbarata
    Terá muito que sofrer.

    Quem andar na vida "airada"
    A pensar que está seguro,
    No final vê-se sem nada;
    Sem presente nem futuro.

    P'ra que tal não aconteça
    É preciso ter presente
    - Assim é com toda a gente -

    Que, na vida que começa,
    Pode haver muita promessa,
    Mas no fim tudo é di'frente.


    VITOR CINTRA
    do livro " RECADOS "

    sexta-feira, março 27, 2009

    MARCAS




    Revestem-se de mágica teus sonhos,
    Na ânsia de apagar a realidade
    E pôr bastante longe a fealdade
    E a dor, de tantos dias tão tristonhos.

    Arredam-se da mente, nessa ânsia,
    As mágoas dos abusos, tão sofridos,
    Sevícias e queixumes, doloridos,
    Que marcam. de tristeza, a tua infância.

    Ás mãos, e por vontade, do adulto,
    Que tinha obrigação de te cuidar,
    Perdeste a inocência de criança,

    E as marcas, no teu corpo, do insulto,
    Que nem sequer o tempo há-de apagar,
    São tudo o que te resta por lembrança.


    VITOR CINTRA
    do livro " à Distância "

    domingo, março 22, 2009

    RESTOU-ME



    Restou-me, doutros tempos, o sentido
    Que faz acreditar que a realidade
    Encontra sempre um fundo de verdade,
    Naquilo que se diz p'ra ser ouvido

    Restou-me, doutras vidas, o cuidado
    De nunca crer em tudo o que se diz,
    Buscando, desses ditos, a raiz
    P'ra não julgar ninguém, de modo errado.

    Do tempo, que se escoa agora, apenas
    Se deve acreditar que a humanidade
    Se não afundará na insanidade;

    E crer que as coisas grandes, e as pequenas,
    Embora muitas vezes não pareça,
    Farão valer que a vida se mereça.


    VITOR CINTRA
    do livro " À Distância "

    quarta-feira, março 11, 2009

    MUSA




    Nascida, já sem tempo, a minha musa,
    Á força d' inspirar outros poetas,
    Usando linguagem mais confusa,
    Lançou-me algumas rimas incorrectas.

    Não fora ter prazer em versejar
    Aquilo que me toca, dia a dia,
    Jamais arriscaria rabiscar
    Os versos, a que chamo poesia.

    Mas, notas duma vida já cansada,
    Que fez na solidão o seu percurso,
    Com muito de tristeza misturada,
    .
    Não quero ver cair no esquecimento,
    Por força de carência de recurso,
    O muito que me vai no pensamento.


    VITOR CINTRA
    do livro " Murmúrios "

    quinta-feira, março 05, 2009

    * EU VI * poema de Vitor Cintra









    Eu vi passar o tempo, sempre á 'spera
    Que a sorte bafejasse o meu país
    E que, vencido o medo de Quimera,
    Fortuna fosse mais do que se diz.


    Eu vi passar os anos de revolta,
    Por todas as partidas de Destino,
    Sabendo de há um tempo, que não volta,
    No Fado, que abracei desde menino.


    Eu vi as muitas Moiras, que se cruzam
    No palco desta terra lusitana,
    Querendo proteger a massa humana;


    Mas vi, também, as Parcas, que nos usam,
    Tentando demonstrar quanto é errado
    Um povo destemido ser honrado.



    Vitor Cintra

    Do livro " Ao Acaso "

    terça-feira, março 03, 2009

    AMUOS



    Com motivo - ou talvez não-
    Por capricho, uma mulher
    Prende o burro quando quer.

    Não está na nossa mão
    Encontrar a solução
    P'ra que tal não aconteça.
    Muito embora não pareça,
    Quando a ela lhe convém
    Desamarra. E tudo bem!


    Como se não fosse nada
    Faz-nos crer, dessa maneira,
    Que findou a baboseira.
    Mas a birra sem sentido
    - Artifício pretendido -
    Foi apenas adiada.
    Porque não foi terminada,
    Quando for conveniente
    Volta à liça, novamente.
    Repetida cada vez
    Que tal possa ser motivo
    P'ra dar força ao que ela fez.

    Um só modo há, de fazer
    Para não enlouquecer.
    É armar em vingativo!
    E, dum modo compulsivo,
    Não deixar desamarrar,
    Quando a birra lhe passar.

    Não ceder a qualquer choro,
    A repente, desaforo,
    Ou chilique. Ter presença.

    Que a um dia de nirvana
    Corresponda uma semana
    Repleta de indiferença.
    Na recusa da sentença
    Há que ser mais resoluto.
    Se não muda ... dar-lhe o " chuto ".
    VITOR CINTRA
    do livro " Mumúrios "

    quinta-feira, fevereiro 19, 2009

    CHAMADA






    CHAMADA


    Sinto minha alma afobada
    Por trilhas, cheias de nós,
    Sem perceber a chamada
    Feita, por almas tão sós
    Como a minha alma isolada.

    Solto as amarras do tempo
    E o pensamento, veloz,
    Corre ao sabor do momento,
    Quando o momento dá voz
    Ao meu veloz pensamento.


    VITOR CINTRA

    Do livro " Murmúrios "

    sábado, fevereiro 07, 2009

    COMPORTAMENTO



    Dominada p'la luxúria
    Encobriste, na lamúria,
    O pecado do adultério,
    Esquecida das promessas,
    No viver, feito às avessas,
    Uma vida sem critério.

    Como fruto, indesejado,
    Surge, filha do pecado,
    Uma vida, sem defesa;
    Mas matar o inocente,
    Que tem dentro do teu ventre,
    É ir contra a natureza.

    Bem merece mais respeito
    A mulher que, por seu jeito,
    É chamada de perdida,


    Do que a que se diz honesta,
    Pondo capa de modesta,
    Mas que ao filho tira a vida.


    VITOR CINTRA
    do livro " Múrmúrios "

    sábado, janeiro 31, 2009

    TROCADO




    Aqui, na densa mata de bambu,
    Tentando recobrar o meu alento,
    Ouvindo fui - silêncio bem atento -
    O som da voz do sonho, que eras tu.

    Palavras de carinho, ou de conforto,
    Nascidas do meu subconsciente,
    Soando, repetidas, no presente,
    Saídas dum passado mais que morto.

    Lançado, p'lo destino, numa guerra
    Que, jovem, me afastou da minha terra,
    Lembrando as muitas juras, que te ouvi,
    .
    Não deixo de sentir que fui trocado
    - Brinquedo dum desejo inconfessado -
    Por outro, que ficou perto de ti.


    VITOR CINTRA
    do Livro " Murmúrios "

    sábado, janeiro 24, 2009

    MIRAGENS



    Nascem, quais folhas ao vento,
    Asas sem corpo, planando,
    Águas sem rio, sobrando,
    Mentes sem vida, vibrando,
    Rostos sem dor, em tormento.

    Crescem, já mudas de alento,
    Sem ter em conta a idade
    Perdem-se da mocidade,
    Olhos no mar, com saudade,
    Rastos de azul no cinzento.


    VITOR CINTRA
    do Livro " Murmúrios "

    sábado, janeiro 17, 2009

    MOSTROU-TE



    Mostrou-te a vida um sorriso
    Quando soubeste entender
    Que vale a pena viver
    Com pouco, além do preciso.
    .
    Mostrou-te a vida a beleza
    Das coisas simples do mundo,
    Cujo sentido é profundo
    Dentro da mãe natureza.

    Mostrou-te a vida a ternura
    Que sempre se faz sentir
    Olhando a rosa a florir;

    Mostrou-te toda a candura
    Que surge, feita bonança,
    Nos olhos duma criança.

    VITOR CINTRA
    do livro " Murmúrios "