quarta-feira, novembro 21, 2012

ESCULTURA




De pé, sobre um andaime, a pouca altura,

Ou ao redor, no chão, onde a pousou,

Macete na mão firme, mão segura,

O homem, pouco a pouco, a trabalhou.

 

A golpes de cinzel surge a figura,

Que ao longo de milénios habitou

Na pedra da montanha, tosca, dura,

Até vir o artista, que a talhou.

 

Mas, findo esse trabalho de escultura,

Na praça, ou no jardim, onde ficou,

A gente para e olha a formusura.

 

E mesmo que perdido, na lonjura

Do tempo, caia o nome, que a criou,

Na pedra restou arte, que perdura.


                       Vítor Cintra
                     No livro: PASSAGENS
 

segunda-feira, novembro 12, 2012

(imagem recolhida na internet)


S I N D R O M E
 

Perdida nos recantos do teu mundo,

Atrás desse sorriso, que parou,

Mergulhas no silêncio mais profundo

Aonde a fantasia te levou.

 

Na luz do teu olhar, um doce enlevo

Espelha o cintilar doutras estrelas,

Que surgem nos teus sonhos, com relevo,

Mas só a inocência pode vê-las.

 

És tu, doce criança, quem me ensina

O quanto a inocência pode dar

A quem sabe a dif’rença respeitar.

 

No teu sorrir, singelo, se declina,

Com gestos, com pureza de encantar,

O mais belo e profundo verbo amar.


Vítor Cintra
No livro: PASSAGENS