quinta-feira, dezembro 20, 2007

RESPEITO



RESPEITO

Pelas beiras dos caminhos
Sabe Deus quantos velhinhos
Andarão neste Natal,
Sem que o mundo à sua frente
Lhes prometa que o presente
Não será sempre o normal.

Quando o hoje é semelhante
Ao passado, já distante,
Como o ontem foi igual,
O futuro não existe
Num presente, que é tão triste,
Sem prever melhor final.

O saber de muitos povos
Determina que os mais novos
Reconheçam no idoso,
Na velhice, ter direito
A viver com mais respeito
E uns anos de repouso.

Mas serão tão atrasados
Esses povos, apontados
Como gente mais selvagem?...
Ou será que o ocidente,
Se tornou tão indif'rente,
Que resusa aprendizagem? ...


VITOR CINTRA
" Relances "

segunda-feira, dezembro 17, 2007

CONTRADIÇÃO




CONTRADIÇÃO


A distância que separa
A certeza do incerto,
Por não ser grande, nem rara,
Faz o longe ficar perto.


Se quisermos ver direito,
Quando a vida corre mal,
Descobrimos que um defeito
Até pode ser normal.



Assim sendo, quem procura,
Por impulso da razão,
Encontrar contradição.


No defeito que perdura,
Achará, com desconcerto,
Que o errado é que está certo.




VITOR CINTRA

do livro " Ecos "

sábado, dezembro 08, 2007

MULHER



MULHER

De cada mulher se diz
Que pode ser mal e bem;
Mesmo a pior meretriz
Pode ser a melhor mãe.

Num dia nasceu pecado,
Num outro, santa na dor,
Profana agora o sagrado
Mas logo sagra o amor.

Institivamente esperta,
É raramente modesta,
Com dois "piropos" se enleva.

É assim com cada uma,
Não há dif'rença nenhuma
Desde os tempos da mãe Eva.


VITOR CINTRA
do livro " ECOS "

segunda-feira, novembro 26, 2007

OUTONO






OUTONO





Não há mais andorinhas nos beirais
Nem zumbem as abelhas pelos campos,
Nos rios já aumentam os caudais
Mercê da Natureza com seus prantos.

Passou a Primavera e o Estio
Deixou atrás seus tempos de pujança.
Do Norte sopra agora um vento frio
Que acende uma lareira na lembrança.

No chão, de folhas mortas, um tapete
De que se despojou o arvoredo
Em tempo, que é agora, de seu sono.

Qual ordem que em silêncio se repete
Por toda a Natureza, num segredo,
Sintomas da chegada de Outono.




VITOR CINTRA
do Livro " ECOS "

domingo, novembro 11, 2007

ENTENDIMENTO








ENTENDIMENTO





Independentemente da saudade

Que nos corroi a alma com lembranças,

Existem certas semelhanças

Que podem sugerir proximidade.




De colonizador's fomos chamados,

Em depreciativo tom. Aqui!

O certo é que, pensando o que vivi,

Nós fomos sempre, e só, colonizados.




O colonizados não se sujeita

A viver pobremente a trabalhar,

Sem nada ter, de seu, para mostrar;



Mantém-se, no conforto, sempre á espreita

Da forma de tirar algum partido

Do jugo a que se sujeita o oprimido.









VITOR CINTRA


do livro " ECOS "

sábado, novembro 03, 2007

DISPOSIÇÃO




DISPOSIÇÃO


Existe neste mundo um paraíso,
No qual a nossa alma rejubila,
Viver o dia a dia co'um sorriso
E ter a consciência tranquila.


E porque cabe só no foro interno,
A raiva que resulta de postura,
Existe em cada um o seu inferno,
Em forma de revolta e amargura.


Mas seja, quer sagrado quer profano,
O modo de sentir do ser humano,
Há sempre uma verdade que persiste,


Só toma o seu destino por perverso
Quem julga ser o centro d'universo,
E dessa presunção nunca desiste.




VITOR CINTRA
Do livro " Relances "








terça-feira, outubro 23, 2007

ENJEITADO




Batem longe as badaladas;
Chamam gente à oração.
Quantas lágrimas choradas
Por crianças desprezadas,
A viver em solidão.

O menino só, que 'spera
Ter da vida um pouco mais,
Quantas vezes desespera,
Porque os sonhos são quimera,
Sem saber quem são os pais.

E o olhar, que é tão bonito,
Vai na tarde quente, calma,
Mergulhar no infinito,
Triste, meigo mas aflito,
Porque é dor que traz na alma.


VITOR CINTRA
do livro " Relances "

terça-feira, outubro 09, 2007

ENVELHECENDO




ENVELHECENDO



O homem nunca se esquece

Dum bom acontecimento

Que, quando a vida anoitece,

Relembra a cada momento.




Por isso mesmo acontece

Deixar-se perder no tempo

Memória sã, que envelhece.

E logo se diz sem tento.




Mas, quando o descernimento

Que temos, nos aparece,

Qual força de entendimento,




Ao velho, que nos merece

Carinho, damos alento,

Com doce fervor de prece.




VITOR CINTRA


do Livro " Divagando "






quinta-feira, setembro 20, 2007

PALHAÇO









PALHAÇO





Num palco que não existe,

Contrário ao que é 'sperado,

Actua um palhaço triste.

Por isso mesmo lembrado.






Num diz que diz, recitado,

Sabendo ser utopia,

Surgiu, embora pintado,

Palhaço sem alegria.






Não vive num faz de conta,

Sem ter em conta o que resta

Na vida, que quer honesta.



Nem sente qualquer afronta

Por ver, que em tempo passado,

A vida passou-lhe ao lado.




VITOR CINTRA




do livro " Divagando "

domingo, setembro 16, 2007

TACTO







TACTO


Quando me exortas
Sem arremedos,
Abrem-se portas,
Calam-se os medos;
E a horas mortas,
Os meus segredos
Abrem comportas,
Sem mais enredos.



Vitor Cintra


do Livro " Vertigem "

sábado, setembro 01, 2007

EM TI ... VITOR CINTRA




EM TI ...

Em ti se engrandece a vida!
Em ti se repete o mundo
E, num confronto fecundo,
Em ti começa a subida.

Em ti se resume a esp'rança!
Em ti se vive o futuro
E, num impulso seguro,
Em ti se faz a mudança.

Em ti a paz acontece,
Com grande sagacidade
E toda a tranquilidade.

Em ti a luz aparece,
Em cada olhar, cada gesto,
Por mais que seja modesto.


VITOR CINTRA

do livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(à venda nas Livrarias)




sexta-feira, agosto 24, 2007

PRESENÇA





PRESENÇA


A vida de toda a gente
Tem sempre a mulher presente.
Mulher pureza, ou pecado,
Mulher que vive a teu lado.

Mulher vida, mulher mãe.
Mulher madrasta também.
Mulher alegre, vibrante;
Mulher amiga, ou amante.

Mulher triste ou insegura;
Mulher sorriso, ternura;
Conforto na desventura.

Mulher esposa, carinho;
Mulher perdida, sem ninho,
Caida no mau caminho.




VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

terça-feira, agosto 14, 2007

SANTA MARIA





SANTA MARIA


Ilha do Sol, Deus te fez!
Amou-te Gonçalo Velho
Ao ver-te a primeira vez,
Das águas, feitas espelho.

Colombo, no seu regresso,
Buscou em ti o abrigo.
E fê-lo com tal sucesso
Que à Virgem rezou contigo.

Santa Maria, na luz,
Nas praias, baías calmas,
Tens esplendor, que traduz
Beleza, p'ra muitas almas.

Se Portugal é um templo,
Que a Virgem Santa acolheu,
Partiu de ti o exemplo
Pois que o Seu nome é o teu.



Vitor Cintra

Do livro " Á DISTÂNCIA "

segunda-feira, agosto 06, 2007

BOA SINA



BOA SINA


Talvez por ver a vida em tom severo,
Ou porque nada nela me foi dado,
Olhei-a, muitas vezes, só de lado,
Se bem que com razões de desespero.

Os filhos que criamos duma forma
Julgada que é, por nós, a mais correcta,
Acabam por traçar a sua meta,
Dizendo ultrapassada qualquer norma.

Sabendo quantas vezes é madrasta
A sorte que, tentada, nos afasta
Daquilo que se toma por rotina.

Embora receando o que acontece,
Apenas vou ousando, numa prece,
Pedir que seja boa a sua sina.



VITOR CINTRA

Do Livro " ECOS "

quinta-feira, agosto 02, 2007

SENTIMENTOS




SENTIMENTOS


Vindos do fundo dos tempos,
Por caminhos sempre estranhos,
Chegam-nos os sentimentos
Que, por vezes, são tamanhos.

Uns são bons, ás vezes tanto
Que nos causam mesmo medo;
Muitos provocam o pranto,
Outros exigem segredo.

Sempre que um deles desaponta,
Em momento inesperado,
Deixa alguém angustiado;

É que, mesmo sem dar conta,
Quem por ele é atingido
Fica até surpreendido.



VITOR CINTRA

Do livro " ECOS "

domingo, julho 22, 2007

ÀS MÃES





ÀS MÃES



A mãe é, p'ra cada um,
O maior ser de excepção,
Com lugar no coração,
Mais sagrado que nenhum.

A mãe é, por mil razões,
O padrão do Universo,
Mesmo quando controverso
Seu saber e decisões.

São angústias que supera,
Desencantos, até vícios,
P'lo carinho que nos tem.

Desde o ventre, que nos gera,
Não se poupa a sacrifícios,
Porque mãe, é sempre Mãe.




VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

quinta-feira, julho 12, 2007

ANSEIO






ANSEIO








Nessa imensa ansiedade


De crescer e ser mulher,


Desperdiça a mocidade,


Natural na sua idade,


Sem viver feliz, sequer.




Nesta terra das mil cores


Cada tempo tem encantos.


Se no campo há sempre flores,


E no ar há sempre odores,


Na paixão há sempre prantos.




No amor não há desdita,


Quando existe vida calma.


A mulher é mais bonita


Se, também ela, acredita


Que a beleza vem da alma.






quarta-feira, julho 04, 2007

PROSTITUTA








PROSTITUTA






Chamas-lhe " mulher sarjeta "
Porque se vende na rua ...
- Afinal, uma faceta
Duma vida, como a tua . -


" Sarjeta " ?! ... " Mulher da vida" ?! ...
Pois chama-lhe o quiseres
Há tanta mulher perdida
Igual às outras mulheres !



É mais nobre a prostituta
Que, mesmo num rumo torto,
Não vende os seus sentimentos,


Que muita "dama" impoluta
Que, no recurso ao aborto,
Mascara comportamentos.





VITOR CINTRA
do Livro " Vertigem "




terça-feira, junho 26, 2007

PENAS





PENAS

Sobre os ombros a sacola,
No caminho para a escola,
Empurrada pelo vento;
Enterrados os pezinhos
Nos lameiros dos caminhos,
Passo a passo, num tormento.

Tiritando com o frio
Vai olhando para o rio
Que rouqueija, com fragor;
Com coragem de criança
Vence o medo, porque avança,
Mas no rosto lê-se a dor.



VITOR CINTRA
do livro " ECOS "

segunda-feira, junho 18, 2007

DESPERTAR




DESPERTAR


Quando o sol beijou a terra
Não havia já luar,
Apagou-se atrás da serra
Afundando-se no mar.

Mas as ninfas que moravam
Nos regatos, entre montes,
Com seus cantos despertavam
Os duendes, reis das fontes.

N'alegria dos sentidos
Acordava a Natureza
Entre as cor's de mais beleza;

E os poetas esquecidos,
Inspirados pelas musas,
Versejavam gestas lusas.


VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

quarta-feira, junho 13, 2007

RETROSPECTIVA



RETROPESCTIVA

Cansado da vida,
Perdido no tempo,
A alma rendida,
Sem encantamento;
A força perdida
Por esgotamento,
A mente vencida
Pelo sofrimento.

Saudade chorada
Co'a voz embargada,
A sorte jogada
Num mundo sem nada.

Nos anos passados,
Sem eira nem beira,
Os dias marcados
Por muita cegueira;
Os tempos trocados
Por ventos de feira;
Destinos cruzados
De qualquer maneira.

Refeito o caminho,
Seguido sozinho,
Recorda-se o ninho
Com muito carinho.

Rescaldos de dor
Das mágoas sofridas;
Afagos de amor
Das paixões vividas;
Amargo sabor
Das horas perdidas;
Restando o fervor
Das preces sentidas ...




VITOR CINTRA

Do livro " ECOS "

quarta-feira, junho 06, 2007

À VIDA




À VIDA



O prefácio duma vida,
Seja lá ela qual for,
Começou ao ser sentida
A chamada do amor.

Antes mesmo que aconteça
O final duma união,
Essa vida já começa
Num bater de coração.

É essência deste mundo
- No sentido mais profundo -
É-lhe devido respeito.

É pequena e indefesa,
Mas um dom da Natureza.
Matá-la? ... Com que direito ?! ...




VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

domingo, junho 03, 2007

LEVIANDADE



LEVIANDADE

Por cuidar que estais, senhora,
Co'a maior falta de senso,
Fico triste quando penso
No dia em que ireis embora.

Nem momentos já vividos,
Nem quaisquer juras de amor,
Contarão como penhor
De propósitos perdidos.

Valerá, acaso, a pena
Procurar, num outro lado,
O amor desperdiçado? ...

Quem tem alma tão pequena
Nunca há-de achar um jeito
Que lhe valha algum respeito...



VITOR CINTRA
do livro " ECOS "

domingo, maio 27, 2007

SUBCONSCIENTE






SUBCONSCIENTE




De vidas passadas

Há coisas guardadas,

Que surgem lembradas

Na nossa memória;

Em certos momentos

São só sentimentos,

Ou só pensamentos

Que contam a história.




VITOR CINTRA


Do livro " À DISTÂNCIA "


sexta-feira, maio 25, 2007

PASSAGEM





PASSAGEM

Só eu, que vivo um sonho de gigante,
Na pequenez dos versos que componho,
Cantando o que é passado, bem distante,
E, do presente, o que é apenas sonho;

Só eu, que desejei que a lusa gente
Se mantivesse nobre, como outrora,
E que, na pequenez do seu presente,
Levasse essa nobreza mundo fora ;

Direi que alguma vez será passado
Aquilo que, nos povos africanos,
Por lá deixou ficar cada soldado.

Bem mais do que a lembrança dessas guerras,
Perdurará ainda, muitos anos,
O muito que fizeram nessas terras.



VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

sábado, maio 19, 2007

COISAS.............VITOR CINTRA



Há coisas no nosso mundo
Que fazem dizer à gente
Às vezes, um NÃO rotundo,
Mas outras, um SIM pungente.

Há coisas, na nossa vida,
Que trazem, no dia a dia,
Às vezes, mágoa sentida,
Mas outras, muita alegria.

Há coisas, nos nossos sonhos,
Calados como segredos,
Às vezes, fundos medonhos,
Mas outras, apenas medos.



VITOR CINTRA


Do livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(À venda nas Livrarias)

domingo, maio 13, 2007

CHEIRO





CHEIRO



Teu corpo, poema ardente,
Frenética rima de ais,
Aurora, pedindo mais,
Com louco vigor, fremente.


Teu rosto, sorriso aberto,
Promessa, sonho, desejo,
Tornando-se a cada beijo
Tão quente, quanto tão certo.


E o dia feito uma hora,
Por entre os ais e os gemidos,
Festim, sem par, dos sentidos.


Mas, quando te vais embora,
Só fica o teu cheiro, intenso,
Enchendo o vazio imenso.





VITOR CINTRA


do livro " À DISTÂNCIA "


domingo, maio 06, 2007

EM CALCUTÁ




EM CALCUTÁ




Chamou-te o Senhor Deus para as ruelas

Aonde, por miséria, se definha

E foste, sem receio de ir sozinha,

Cuidar dos infelizes que andam nelas.


Por ordem do Senhor, viveste ali;

Co'a força do Senhor, cuidaste deles;

Serviste, dos humildes, os mais reles,

Co'a graça que o Senhor te deu a ti.


E restam, nas imagens mais lembradas,

Os gestos dessas mãos abençoadas

P'lo dom da caridade, lenitivo


Da dor do indigente, fugitivo

Da vida e consciência dos humanos,

Tão frios e distantes quanto urbanos.




VITOR CINTRA


Do livro " À DISTÂNCIA "

quarta-feira, maio 02, 2007

PREFIRO.........VITOR CINTRA



Não quero ficar na memória das gentes
Devido a riquezas que saiba guardar,
Prefiro lembranças, quiçá mais decentes,
Nascidas das causas que soube abraçar.

Não quero tornar-me modelo de alguém
Por ocas palavras, discursos à toa,
Prefiro tornar-me lembrança de quem
Escute em meus versos a alma que ecoa.

Não quero sentir sedução pelos mundos
Que não reconhecem os homens de bem,
Nem mesmo respeitam a fé de ninguém;

Prefiro guardar sentimentos, profundos,
De paz e justiça, partilha e amor,
Tornados permissas dum mundo melhor.




VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir"
(à venda nas Livrarias)

sexta-feira, abril 27, 2007

SOFIA



SOFIA



De pequena refilona,
Sem receio de ninguém,
Pondo tudo na " mafona "
- Aliás, como convém -.

Foi crescendo, sendo arguta,
- Sempre a mesma " trovoada " -
Quando envolvida em disputa,
Nunca a vi ficar calada.

Se a razão lhe não assiste,
Argumenta a seu favor;
E faz isso com fervor.

Se o momento for mais triste
Acha sempre uma maneira
De ser boa companheira




VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

segunda-feira, abril 23, 2007

FILHO





FILHO

Nascido entre as irmãs, foste o segundo
Dos filhos com que Deus me abençoou;
Foi tal a emoção de vir's ao mundo
Que o céu, em depressão, se desabou.

Em honra de meu Pai te dei o nome,
Um nome que, também eu, recebi;
Pois, neste imenso amor que me consome,
Melhor não saberia achar p'ra ti.

Que Deus, em Sua graça sublime,
Ajude a tua vida, te ilumine,
Que sejas, hoje e sempre, homem de bem.

O nome, que é herdado, tem valor
Se cada um de nós fizer melhor
Do que já fez seu pai, ou sua mãe.



VITOR CINTRA

do Livro " ECOS "

sexta-feira, abril 20, 2007

HELENA




HELENA


Helena fora já, num outro tempo,
Um nome atravessado em meu caminho.
A vida quis-me pai e, num momento,
Gerada foi Helena, meu carinho.

Talvez por ser maior, no coração,
A esp'rança, nesta filha, investida,
Sofri muito maior desilusão
Por vê-la, tantas vezes, tão perdida.

Não sendo, como pai, o mais perfeito,
Não deixo, mesmo assim, e do meu jeito,
De ter-lhe grande amor, desde pequena.

Se a Deus, em Sua graça, Lhe aprouver,
Será bem mais feliz, como mulher,
A filha por quem temo, a minha Helena.



VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

quarta-feira, abril 18, 2007

OS 5 BLOGS QUE ME FAZEM PENSAR




OS 5 BLOGS QUE ME FAZEM PENSAR




'5 Blogs That Make Me Think'




Sinto-me duplamente honrada e muito feliz, pelo amigo do blog
  • LIVROS E AUTORES, se ter lembrado de nomear os meus dois blogs, como dois dos
  • " CINCO BLOGS QUE ME FAZEM PENSAR ".

    Ao autor do blog LIVROS E AUTORES , o meu agradecimento, pelas escolhas do :

    A POESIA DE VITOR CINTRA

    e

    ALMA DE POETA




  • É uma missão ingrata ter de nomear 5 blogs, pois que existem muitos que gosto de ler.
    Tendo de optar, fiz as seguintes escolhas :



  • MULHERES DE ATENAS



  • SANTA MARIA-AÇORES


  • DESAMBIENTADO



  • A PAPOILA



  • BUFAGATO






  • Os autores dos blogs que nomeei devem copiar o selo correspondente e afixá-lo na barra lateral dos seus blogs.

    De seguida devem nomear os cinco blogs que escolheram e fazer um post a nomeá-los.


    Beijo a todos


    Isabel

    quinta-feira, abril 05, 2007

    FIM DE TARDE



    FIM DE TARDE



    Os olhos vagueando o horizonte
    Vislumbram lá no cume, atrás do monte,
    O sol que se recolhe ao fim do dia.
    Pintado de laranja o arenito
    Desperta nesse ocaso,como um grito,
    Fantasmas, com um toque a fantasia.

    Saídas das memórias da infância
    Ressoam badaladas, à distância,
    Chamando à oração o povo crente;
    Na tarde, que se esvai, melancolica,
    A par de quanto resta de alegria,
    Acalma o coração de toda a gente.

    A noite, que ao cair envolve tudo,
    Abafa, numa sombra, gesto mudo,
    Um tempo que não volta mais atrás;
    Do norte soa agora a voz do vento,
    Baixinho, quase apenas um lamento,
    Com medo de quebrar aquela paz.



    Vitor Cintra
    Do livro " Alegorias "

    domingo, março 18, 2007

    CASTELOS....poema de VITOR CINTRA




    CASTELOS

    À volta dos meus castelos,
    Erguidos no dia a dia,
    Há sombras de nostalgia,
    Que surgem ao descrevê-los.


    Muralhas ontem erguidas,
    Por medos insuspeitados,
    Queixumes, quantos calados,
    Vergonhas, nunca assumidas.


    Do tempo verteram horas
    Que a vida deixou passar,
    Castelos, feitos no ar,
    Por pressas, ou por demoras.


    E tudo o que resta ainda
    Erguido, como muralha,
    Não passa duma mortalha
    Da vida, que já se finda.



    Vitor Cintra

    Do livro "PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
    ( à venda nas livrarias)

    sábado, março 03, 2007

    ERICEIRA





    ERICEIRA


    Debruçada sobre o mar,
    Vendo as ondas rebentar
    Entre calmas e furores,
    Ericeira permanece
    Vila simples, que parece
    Falar só de pescadores.

    Do mar vem-lhe mais sustento
    Quando as ondas, mais o vento,
    Lhe permitem ir á faina;
    E diverte-se o " surfista ",
    Se essas ondas fazem crista,
    Quando o vento norte amaina.



    Vitor Cintra

    Do livro " À DISTÂNCIA "

    sábado, fevereiro 24, 2007

    DESGARRADAS








    DESGARRADAS


    Na solidão do meu mundo
    Mergulho no desespero,
    Sofrendo cada segundo
    Mais penas, porque te quero.



    São margaridas, as flores
    Tão belas quanto mimosas;
    Tão gratas são os amores,
    Como à paixão são as rosas.


    Há mais calor no sorriso
    Que faz promessa de beijos,
    Do que o calor que é preciso
    Para acender os desejos.


    Cada promessa calada,
    Quando se fala de amor,
    É como rosa fechada
    Entre roseiras em flor.


    É no momento mais duro,
    Quando o amor se deseja,
    Que o coração, mais seguro,
    Cede á paixão e fraqueja.




    Vitor Cintra


    Do livro " À DISTÂNCIA "

    quinta-feira, fevereiro 15, 2007

    SÓ.........VITOR CINTRA



    Sentes-te só!
    E a dor da solidão, que te acompanha,
    Obriga a tua vida a ser tacanha,
    Insípida, vulgar, e sem destino;
    Mas, se por dó,
    Aceitas transformar o teu futuro
    Em algo que acreditas mais seguro,
    Acabas cometendo desatino.

    Ninguém tem mais
    Do que somente alma e o talento,
    Que o façam abraçar cada momento
    Como o melhor, que a vida lhe há-de dar.
    Quaiquer sinais,
    Tomados por prenúncio de fortuna,
    Serão tal qual areia numa duna,
    Que voa, assim que o vento lhe soprar.




    Vitor Cintra

    Do livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR"

    (à venda nas livrarias)

    quarta-feira, fevereiro 07, 2007

    FALTA........VITOR CINTRA


    Mergulhado nas certezas
    Que me causam mais tristezas,
    Do refúgio em que me isolo,
    Olho a serra e oiço o mar
    E os segredos do luar.

    Do amor, que nunca tive,
    Só o sonho sobrevive,
    Sem proveito, ou qualquer dolo,
    E que marca um sacrifício
    De renúncia, desperdício.

    Mas, nas noites de invernia,
    Quando bate a nostalgia,
    Sinto a falta do consolo,
    Que nos vem duma carícia
    Com tempero de malícia.



    Vitor Cintra

    Do livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR "
    ( À venda nas Livrarias )

    quinta-feira, fevereiro 01, 2007

    SOZINHO.....VITOR CINTRA





    SÓZINHO

    Por me deitar sozinho, sinto falta
    Do toque do teu corpo, do carinho
    Dos seios, que não acho, estou sozinho
    Num leito que, vazio, sobressalta.


    Por me deitar sozinho, sinto falta
    Do fogo, que se espalha p'los meus dedos,
    Sedentos de afagar os teus segredos
    Num sonho de erotismo, que me assalta.

    Por me deitar sozinho, temo a noite,
    Que teima em arrastar-se, lentamente,
    Sem dar repouso ao corpo, nem à mente;



    E sem o teu regaço, onde me acoite,
    Acabo por pensar que a madrugada
    Atrasa, de propósito, a chegada.




    Vitor Cintra

    Do livro "PEDAÇOS DO MEU SENTIR "
    (à venda nas Livrarias)

    segunda-feira, janeiro 29, 2007

    REENCONTRO




    REENCONTRO


    Assim me queiras tu que, por meu lado
    Não vou deixar de amar-te, nunca mais,
    Ainda que os dislates do passado
    Nos tornem mais diferentes do que iguais.


    Nasci para te amar e ser amado
    Por ti, que me fizeste recordar
    Distantes horizontes do meu fado,
    Tão cheio dos azuis de céu e mar.


    Nem tudo está perdido, no meu mundo,
    Enquanto eu encontrar, no teu sorriso,
    A força e o carinho, que preciso.


    Serei feliz até, cada segundo
    Que vir, do teu olhar, a ansiedade
    Sair p'ra dar lugar à f'licidade.




    Vitor Cintra

    Do livro " Á DISTÂNCIA "

    domingo, janeiro 21, 2007

    AO NATURAL





    AO NATURAL



    Penhascos, em ravinas escarpadas,
    Espreitam, lá do alto, o oceano,
    Em volta as andorinhas, agitadas,
    Procuram novos ninhos, este ano.



    Ao sol da Primavera, que as aquece,
    Gaivotas, com grasnidos agoirentos,
    Vigiam, lá do alto, o que acontece,
    Planando, sobre as fragas, contra o vento.



    Escorrem, das quebradas, os regatos
    Lançados em corrida para o mar,
    Contando suas mágoas ao passar.


    Atentos, mas mantendo seus recatos,
    Há melros, que esvoaçam, atrevidos,
    À caça dos insectos distraídos.



    Vitor Cintra

    Do livro " Á DISTÂNCIA "

    quarta-feira, janeiro 10, 2007

    ENUNCIADO



    ENUNCIADO


    Primeiro:
    Não há dinheiro,
    No mundo inteiro,
    Cujo valor
    Valha um amor,
    Vivido a sério.



    Segundo:
    Por todo o mundo,
    Se crê profundo
    O sentimento,
    Que o pensamento
    Tem por mistério.


    Terceiro:
    Ver no perceiro
    O dom cimeiro,
    Que o mundo encerra,
    Deita por terra
    Qualquer critério.





    Vitor Cintra

    Do livro " À DISTÂNCIA "

    quarta-feira, janeiro 03, 2007

    SORRISO.........VITOR CINTRA


    SORRISO

    Há lá coisa mais bonita
    Que um sorriso de mulher?!
    Quando a alma mais se agita,
    De alegria, ou na desdita,
    É um sorriso que ela quer.

    Um sorriso cativante,
    De promessa insinuada,
    Que a inspire no bastante
    P'ra não ver na vida errante
    Solução p'ra tudo e nada.

    Um sorriso simpatia,
    Que, ao mostrar cumplicidade,
    Lhe transmite essa alegria,
    Que é enlevo, e cada dia,
    Gera mais felicidade.


    Vitor Cintra

    Do livro "Pedaços do Meu Sentir"
    (à venda nas Livrarias)