terça-feira, dezembro 18, 2012

ENTARDECER

(imagem recolhida na internet)
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No ábaco da vida quis somar
Os dias do meu breve entardecer,
A alma recusando-se aceitar
Que o sol se ponha para anoitecer.
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Não há eternidade no sentir
Se não houver palavras a dizer
Às novas gerações que, no sorrir
Se mostra haver ciência de viver.
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Mas, na calculadora da existência,
São tantas as parcelas de experiência
Que a soma se traduz desajustada;
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Por isso, ouvindo a voz da consciência,
Deixei as referências da jornada,
Em jeito de poesia, revelada.
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Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS

quarta-feira, novembro 21, 2012

ESCULTURA




De pé, sobre um andaime, a pouca altura,

Ou ao redor, no chão, onde a pousou,

Macete na mão firme, mão segura,

O homem, pouco a pouco, a trabalhou.

 

A golpes de cinzel surge a figura,

Que ao longo de milénios habitou

Na pedra da montanha, tosca, dura,

Até vir o artista, que a talhou.

 

Mas, findo esse trabalho de escultura,

Na praça, ou no jardim, onde ficou,

A gente para e olha a formusura.

 

E mesmo que perdido, na lonjura

Do tempo, caia o nome, que a criou,

Na pedra restou arte, que perdura.


                       Vítor Cintra
                     No livro: PASSAGENS
 

segunda-feira, novembro 12, 2012

(imagem recolhida na internet)


S I N D R O M E
 

Perdida nos recantos do teu mundo,

Atrás desse sorriso, que parou,

Mergulhas no silêncio mais profundo

Aonde a fantasia te levou.

 

Na luz do teu olhar, um doce enlevo

Espelha o cintilar doutras estrelas,

Que surgem nos teus sonhos, com relevo,

Mas só a inocência pode vê-las.

 

És tu, doce criança, quem me ensina

O quanto a inocência pode dar

A quem sabe a dif’rença respeitar.

 

No teu sorrir, singelo, se declina,

Com gestos, com pureza de encantar,

O mais belo e profundo verbo amar.


Vítor Cintra
No livro: PASSAGENS

domingo, outubro 14, 2012

DISTANTE

(imagem recolhida na internet)

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Distante

De ti e do mundo,

Ganhei um profundo

Sentido do ser.

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E a vida,

Que desde o começo

Guardei, num recesso

Só meu, de viver

Errante,

Surgiu triunfante.

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Rendida

Ao dom de escrever.

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Vítor Cintra

Do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE

segunda-feira, setembro 17, 2012

POENTE



POENTE

A tarde finda,
Num pôr-de-sol
Que brilha ainda.
A alma,
Onde a saudade impera,
Desespera.
Presente,
Um rol
De marcas e sinais,
Dos quais
A nostalgia
Se evidencia,
Se sente.
Na tarde calma,
Enquanto o sol se perde
Num mar, que ferve,
Avermelhando o céu,
Aumenta a dor
Do amor,
Que se perdeu.


Vitor Cintra
do livro " Contrastes "

domingo, agosto 05, 2012

SONHOS

(imagem recolhida na internet)
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Nasceram nos teus olhos tantos sonhos
No tempo em que a infância, descuidada,
Vivia cada um pequeno nada
Em rostos desgrenhados, mas risonhos.
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O mundo confinado à outra margem
Do rio que, correndo docemente,
Servia de recreio, frequente,
Em muitas incursões da miudagem.
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Não vinham dos adultos mais perigos
Do que esses que eram fruto dos castigos
Punindo, sem rigor, as traquinagens;
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Mas muitos desses sonhos, que surgiam
À luz desses teus olhos, que sorriam,
Morreram, engolidos por voragens.
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Vítor Cintra
Do livro: PASSAGENS

sexta-feira, julho 20, 2012

ACUSAÇÃO


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Se gastei a juventude
A servir o meu país,
Não servi só porque quis,
Nem sequer foi por virtude,
Mas servi com atitude.
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E, se toda a mocidade
Combateu, como se diz,
Sem motivos de raíz,
Houve então muita maldade
De toda a sociedade.
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Com fervor, com emoção,
Toda a gente repetia
Que, bem mais que cobardia,
Era mesmo uma traição
Não lutar pela Nação.
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Porque vindes, hoje, vós
Questionar quem somos nós?
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Vítor Cintra
Do livro: PASSOS DA HISTÓRIA

domingo, julho 15, 2012

RESGATE



Traídos já, na causa que os mandou
Lá longe, lá bem longe, combater,
A Pátria, que na morte os não chorou,
Revela a intenção de os esquecer.
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Os restos dos heróis, que o tempo insano
Deixou abandonados no capim,
Clamando por respeito, mais humano,
Desfilam, em memória, sem ter fim.
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A honra, que das vidas fez penhor,
À glória, por dever e sem louvor,
Exige, por razões de honestidade,
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Urgência no resgate desses restos,
Por sermos um país d' homens honestos
Que apenas penhorou a liberdade.
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Vítor Cintra
Do livro: PASSOS DA HISTÓRIA

quinta-feira, julho 05, 2012

TEMAS



Deixei, nas rimas breves dos poemas,
Fantasmas, dum passado que me marca,
Surgidos na memória, que os abarca
Aos poucos, revelados nos meus temas.
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Ao longo do percurso duma vida,
Calei um sentimento de revolta
Por mágoas dum passado, que não volta,
Tomadas duma Pátria mal cumprida.
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Não fui um desertor!... Nem deixei penas
Em causas, fossem grandes ou pequenas,
Daqueles que mandaram no país.
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Calar, porém, aqueles que tombaram,
Desonra os governantes que ficaram,
Mostrando a tacanhês mais infeliz.
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Vítor Cintra
Do livro: PASSOS DA HISTÓRIA 

sábado, junho 16, 2012

LISBOA - Palácio de S. Bento - 3 de Julho de 2012



Agradecemos a todos os que nos honrarem com a sua presença.

sexta-feira, junho 08, 2012

CHAVES - 15 de Junho de 2012


Agradecemos a todos os que nos honrarem com a sua presença.

segunda-feira, junho 04, 2012

Dia 9 de Maio de 2012


Agradecemos a todos os quiserem honrar-nos com a sua presença.

domingo, maio 27, 2012

ANSIÃO - 02 de Junho de 2012

Agradecemos a todos os amigos que queiram honrar-nos com a sua presença.

sábado, maio 12, 2012

PORTO - 26 de Maio





Agradecemos a todos os amigos que se dignem honrar-nos com a sua presença

quinta-feira, maio 03, 2012

VISEU - Dia 19 de Maio


Agradecemos a todos os que nos quiserem honrar com a sua presença.

sábado, abril 28, 2012

APELO

(imagem recolhida na internet)

Ó tu, deusa maior da lusa gente,
Que, nas histórias vivas do passado,
Ousaste, com olhar mais indulgente,
Deixar-nos ver da terra um outro lado;
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Ó tu, Moira seráfica, sem tempo,
Chegada à Lusitânia noutra era,
Que deste aos portugueses mor alento,
Capaz de derrotar qualquer Quimera;
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A nós, que somos filhos desse povo
A quem, por protecção de Juno e Marte,
Deixaste que chegasse a toda a parte,
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Tecida a nossa vida em fio novo,
Demonstra que a coragem doutros tempos
Apenas nos deixou por uns momentos.
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Vítor Cintra
Do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE

sexta-feira, abril 20, 2012

COIMBRA - 26 de Abril de 2012




Agradecemos a todos os que nos queiram honrar com a sua presença.

segunda-feira, abril 16, 2012

GUIMARÃES

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Ecoam, pelas pedras da muralha,
As vozes, quer de nobres quer da plebe,
Que entraram, lado a lado, na batalha
Travada, com arrojo, em São Mamede.
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Ecoam os apelos à coragem,
À luta, muito embora desigual,
Que, ousando pôr um fim à vassalagem,
Fundou um novo reino em Portugal.
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Ecoam os lamentos, mais profundos,
De dor, as orações p'los moribundos
E mortos, que tombaram no combate.
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Ecoa, ainda, o grito de "Vitória!"
Daqueles cuja voz, como memória,
As pedras são o eco e o resgate.
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Vítor Cintra
Do livro: MEMÓRIA DAS CIDADES

sexta-feira, abril 06, 2012

PÁSCOA FELIZ






Votos sinceros de uma PÁSCOA FELIZ

segunda-feira, abril 02, 2012

PORTO


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Antiga, quer na História, quer na gente,
Jamais o teu passado será morto;
E, seja no futuro ou no presente,
Serás sempre a Invicta, nobre Porto.
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Há muitos, muitos anos, junto ao Douro,
Fundaram-te, subindo encosta acima;
Co' o rio fez-se eterno o teu namoro,
É ele que, banhando-te, te mima.
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Chamaram-te cidade do trabalho
Por ser tão empenhada no labor
A gente, que em ti vive, e ao redor;
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As cepas, fecundadas pelo orvalho,
Das margens do teu rio, são penhor,
De quanto há no teu pão pago em suor.
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Vítor Cintra
Do livro: MEMÓRIA DAS CIDADES

segunda-feira, março 26, 2012

ANADIA - Apresentação no dia 31 de Março de 2012

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Agradecemos a todos os amigos que queiram dar-nos o prazer da sua presença.
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sábado, março 10, 2012

AVEIRO - Apresentação no dia 23 de Março de 2012

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Agradecemos a todos os amigos que nos honrarem com a sua presença

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

FADO

(imagem recolhida na internet)

(Dedicado a Ana, Flor de Lácio)



Desde os tempos da mourama


Que nas vielas ecoa.


Andou p’los beco de Alfama,


Invadiu, depois, Lisboa.






No chorar em que as guitarras


O tornaram pioneiro,


O Fado, soltando amarras,


Partiu rumo ao mundo inteiro.






Foi primeiro em caravelas


Para terras bem distantes


E, com vestes mais singelas,


Foi, depois, co’ os emigrantes.






Foi canção de gente pobre.


Cantou mágoas e tristeza.


Ao crescer tornou-se nobre.


Canta a alma portuguesa.


 
Vítor Cintra

Do livro: AO SABOR DO INSTANTE

sexta-feira, fevereiro 03, 2012

GUIMARÃES - Capital Europeia da Cultura


Agradecemos a todos aqueles que nos quiserem honrar com a sua presença

sábado, janeiro 28, 2012

MOSTROU-TE

(imagem recolhida na internet)
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Mostrou-te a vida um sorriso
Quando soubeste entender
Que vale a pena viver
Com pouco, além do preciso.
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Mostrou-te a vida a beleza
Das coisas simples do mundo,
Cujo sentido é profundo
Dentro da mãe natureza.

Mostrou-te a vida a ternura
Que sempre se faz sentir
Olhando a rosa a florir;

Mostrou-te toda a candura
Que surge, feita bonança,
Nos olhos duma criança.

Vítor Cintra
Do livro: MURMÚRIOS

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Biblioteca Municipal de Alvaiázere


Agradecemos a todos os que nos quiserem honrar com a sua presença. 

terça-feira, janeiro 03, 2012

* CRESCER *



Ontem mesmo fui criança;
Fiz a ‘scola,
Joguei bola;
É bem viva esta lembrança.
E, num sonho deslumbrante,
O futuro
Vi seguro,
Quis ser homem, um gigante.

Ao tornar-me adolescente
Tive esp’rança
Na mudança;
Do futuro fiz presente,
Vi a vida muito cedo;
Vivi longe,
Como monge;
Fiz a guerra e tive medo.

Só então fiquei adulto;
Noutro mundo,
Mais fecundo,
Fiz-me um homem, não um vulto.
Vivi sempre a liberdade
Com respeito,
P’lo direito.
Só não tive mocidade.


Vitor Cintra

do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE