terça-feira, novembro 24, 2009

MUDANÇAS
















Sopram dos ventos
Alentos
De nostalgia,
Tardia,
Daquele amor,
Que a dor,
Cedo desfez
De vez.

Com violentos
Tormentos,
Que cada dia
- Se via -
Viriam pôr
Rigor
E sensatez!?
Talvez!...

Muda a razão de viver,
Muda-se a forma de ser.


VITOR CINTRA
do livro " Entre o Longe e o Distante "

sexta-feira, novembro 13, 2009

GROU






















No teu voo
Sobre as montanhas,
Arrasta a minha alma
E leva-a,
Até mergulhar nas brumas
Do sonho impossível
Dum amor inacabado.
E, grou,
Quando,
No teu voo elegante
Planares,
Sobre florestas de desânimo,
Ou penhascos de solidão,
Aponta-lhe os trilhos dos penitentes
E deixa-a,
Para cumprir
O seu carma de insanidade,
Nos suspiros de silêncio
Que o meu coração respirou.


VITOR CINTRA
do livro " Pedaços do Meu Sentir "

segunda-feira, novembro 09, 2009

Um Sinal..... poema de VITOR CINTRA






















Existe em ti um sinal
Que não tem noutra rival.
Quando tu passas na rua,
Um balançar sensual,
Que se vê ser natural,
Tem uma marca só tua.

A cada passo escorreito
Os seios tremem, dum jeito
Que, neles, prende o olhar;
E o corpo cheio, bem feito,
Provoca sempre um efeito,
Que é belo, no teu andar.

Cabelos soltos, ao vento,
Acabam sendo tormento
P'ra quem te vê, a passar,
Mas vem de ti um alento
Que, mesmo sem 'star atento,
Se nota. Fica no ar.


VITOR CINTRA
do livro " Pedaços do Meu Sentir "

domingo, novembro 08, 2009

NADA









Não tenho nada !

Nem terra, nem casa ou pão,
Nem mágoa, dor ou paixão,
Nem restos de uma ilusão,
Nem amizade aos que estão!
Não tenho nada de meu!

Não tenho nada!

Depois de tanto ter tido
E o mundo ter percorrido,
De haver brocados vestido
E ter co'os grandes vivido,
Tomando a terra por céu.

Não tenho nada!

Nem quero ter novamente!
Seja o futuro dif'rente,
Ou seja como o presente,
Que faz feliz tanta gente,
Que até vergonha perdeu.


VITOR CINTRA
do livro " Entre o Longe e o Distante "

quinta-feira, novembro 05, 2009

REFÚGIO
















Cai a noite, sopra o vento
Nas paredes da cabana;
Na lareira, um fogo lento
E o calor da sua chama.

Através duma vidraça
Vejo a neve, branca e fria,
Como manto, que ultrapassa

O sonhar da fantasia.

Chega o sono, no conforto
Do silêncio, que rodeia
Toda a vida desta aldeia.

Como barco num bom porto,
Ao abrigo das marés,
Sinto paz, mais uma vez.


VITOR CINTRA

do livro " Entre o Longe e o Distante "

domingo, novembro 01, 2009

LONGE



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Entre o longe dos teus olhos
E a distância das raízes,
Lembro dias bem felizes
Longe deste mar de escolhos.
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Lembro um tempo, sem idade;
Julgo ouvir-te e o que me dizes.
- Turbilhão de tantas crises,
Toda a minha mocidade-.
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Vejo, imagem da saudade,
O teu rosto, sorridente,
Que me anima docemente;
.
E, vivendo a crueldade
Dum deserto de distância,
Sinto a dor da minha ânsia.
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VITOR CINTRA
do livro " Entre o Longe e o Distante "