quarta-feira, julho 10, 2013

DESFILAM

(imagem recolhida na internet)
Emergem do passado, novamente,
Fantasmas, que marcaram o viver,
Toldando cada novo amanhecer
Com sombra visionária, no presente.
.
Manchada por angústias, de repente,
A alma, que não deixa de sofrer,
Espalha dor profunda em todo o ser
E acaba magoada p'lo que sente.
.
Desfilam, à porfia, pela mente,
Memórias, desfocadas, a dizer
Que nunca, nunca mais, se há-de esquecer.
.
E tudo o que o viver de combatente
Impôs, a cada um, como dever,
Há-de marcá-lo sempre, até morrer.
.
Vítor Cintra
Do livro: PASSOS DA HISTÓRIA

quinta-feira, março 21, 2013

N A T U R E Z A



(imagem recolhida na internet)

Vestiram-se de verde as serranias
Após perder-se a neve nos regatos,
Há musgos a forrarem penedias
E lebres saltitando pelos matos.

Nas fragas, o cantar da cotovia
Desperta, com acordes timoratos,
Ao sol que, no nascer do novo dia,
Aquece o lago e faz grasnar os patos.
 
Chegada, que é, ao fim a invernia,
Ressurge, novamente, a harmonia
Da vida, que se tece sem recato.
 
Renasce a Natureza e irradia,
Em cada som e cor, a poesia
Pintando, como em tela, o seu retrato.

Vítor Cintra
Do livro: AO SABOR DO INSTANTE

sexta-feira, fevereiro 08, 2013

T R I S T E ... S I N A

(imagem recolhida na internet)


           Meu Portugal pequenino

Tão maltratado, tu andas!

Falta um poder genuíno,

Que ponha fim às bolandas.

 

Quem, noutro tempo, com sangue,

Te quis ver nobre e honrado,

Deixou de ver-te ser grande

P’ra te ver enxovalhado.

 

Berço de heróis e de santos,

Já te chamaram outrora,

Mas, trastes, nunca houve tantos,

Como coirões tens agora.

 

Que grande e triste é a sina

Desta nação pequenina.
 
 
Vítor Cintra
          Do livro: AO SABOR DO INSTANTE.

segunda-feira, janeiro 21, 2013

VENTO

(imagem recolhida na internet)
.
Vento
Que, em brisa suave,
Acaricias o nosso amor,
Quando um dia,

Irmão de mágoas,
Aqui voltares,
Lembra-te

Que aqui nos viste
Amar
E murmurar juras eternas.
E, vento,
Se ela as quebrar,
Solta então a tua fúria
Para que o eco,
O cheiro
E o sabor,
Deste amor,
Se dispersem pelo infinito
E ela sinta
Que, aqui,
De mim,
Nada restou.
.
Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR