terça-feira, junho 27, 2006

DEDICAÇÃO....poema de VITOR CINTRA



DEDICAÇÃO

Pediste que te abrisse o coração,
Até que desvendasse alguns segredos,
Mas ao contar-te a vida e seus enredos,
Deixei-me dominar p'la emoção.

Falei-te de vivências do passado,
De mágoas, alegrias, dissabores,
Falei-te até de causas e valores,
E vi-me a revivê-los a teu lado.

E foi ao mergulhar em outras eras,
Que fiz extravasar os sentimentos,
Angústia e despertar de sofrimentos;

Comigo estavas tu, como quiseras,
Tentando descobrir esse meu mundo,
Num gesto, sem igual, de amor profundo.


Vitor Cintra


Do livro "PEDAÇOS DO MEU SENTIR "
( à venda nas livrarias)

sexta-feira, junho 23, 2006

TU ÉS ... VITOR CINTRA




TU ÉS

A nuvem que passa no céu do meu sonho,
O vento que sopra a seara do amor,
O fogo que queima as entranhas da dor,
A chuva que lava o meu mundo bisonho.

Tu és
O sol que, num mito, me aquece o prazer,
A noite estrelada que me há-de sorrir,
A vida que surge no campo a florir,
A esp'rança que faz o meu corpo tremer.

Tu és,
Na ânsia fremente, que invade a minha alma,
A paz que se sente, que envolve, que acalma.



Vitor Cintra


Do livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(À venda nas livrarias)

quarta-feira, junho 21, 2006

AMANHECER





AMANHECER


Além, na madrugada que desponta,
Um galo desafia, no cantar,
O dia, que se atrasa a despertar
Dum sono sem cuidado, nem afronta.


A lua, confidente dos amantes,
Com brilho mais intenso que as estrelas,
Entrando, descarada p'las janelas,
Partilha das carícias ofegantes.


Ao longe soam toques de matinas,
Ouvidos nas encostas e ravinas;
Ruídos doutro dia que começa.


Com ninhos construídos nos beirais,
Cuidando da penugem, os pardais,
Esperam, chilreando, que amanheça.



Vitor Cintra


Do livro " Memórias "

segunda-feira, junho 19, 2006

DEVAGAR





DEVAGAR


Ao trilhar um bom caminho
Duas formas há de andar,
É faze-lo devagar
Ou, então, devagarinho.

Não será dogma de monge,
Nem sequer um dito novo,
Mas, lá diz a voz do povo:
" devagar se vai ao longe !"


A verdade que se encerra,
Neste dito popular,
Sei-a eu e também tu.


Quanta gente, boa, erra
Não andando devagar?!...
" Quem tem pressa come cru!"


Vitor Cintra


Do livro " RELANCES "

sexta-feira, junho 16, 2006

POENTE




POENTE


A tarde finda,
Num pôr-de-sol
Que brilha ainda.
A alma,
Onde a saudade impera,
Desespera.
Presente,
Um rol
De marcas e sinais,
Dos quais,
A nostalgia
Se evidencia,
Se sente.
Na tarde calma,
Enquanto o sol se perde
Num mar, que ferve,
Avermelhando o céu,
Aumenta a dor
Do amor.
Que se perdeu.



Vitor Cintra


do livro " Contrastes "

terça-feira, junho 13, 2006

SENSUALIDADE.....VITOR CINTRA





SENSUALIDADE


Caiu a noite! E o marulhar das ondas,
Embala em sonhos um amor distante,
Que tu desejas, com ardor e ânsia;
Mas nesse arquejo da paixão, que rondas,
Nem o negrume da saudade errante
Encurta o tempo, longo, da distância.


Sentindo o sonho vir, tornado alento,
Enfeitiçar-te, num desejo atroz,
Agigantado nesse marulhar,
Transpões a noite, pondo o pensamento
Na fantasia, de avidez feroz,
Dum outro amante, que te saiba amar.


Vitor Cintra


Do livro " Pedaços do Meu Sentir "

( à venda nas livrarias)

sábado, junho 10, 2006

SEIOS...poema de VITOR CINTRA




SEIOS

Seios pequenos, discretos,
Seios rebeldes, erectos,
Feitos desejos secretos.


Seios redondos e quentes,
Seios desnudos, frementes,
Colos d'amor, exigentes.


Seios luxúria, vibrantes,
Seios gulosos, de amantes,
Dons de paixões escaldantes.


Seios crescidos, maduros,
Seios pujantes, seguros,
Sons de silêncios impuros.


Seios enormes, caídos,
Seios vazios erguidos,
Resto de tempos vividos.



Vitor Cintra


Do livro "PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(à venda nas livrarias)

quinta-feira, junho 08, 2006

CONTRADITÓRIA



CONTRADITÓRIO


São nossas as intenções
De ter um mundo melhor,
Mas vós sabeis as razões
Que o fazem ficar pior.


É nosso o desejo ardente
De ver o mundo feliz,
Mas vosso é o que não sente
Paixão p'lo que a gente diz.


São nossas as tradições
De dar por solidariedade,
Vós tendes motivações
Que o fazem, mas por vaidade.


É nosso o sentir urgente
Que chegue o fim da pobreza,
Mas vosso é o que desmente
Não ter apego à riqueza.


Vitor Cintra



Do livro " Vertigem "

terça-feira, junho 06, 2006

FRÉMITO







FRÉMITO



Senti teu corpo abrir-se de desejo
No sôfrego trocar de longo beijo,
Fremendo em gesto impúdico de posse,
Disposto a consumá-la, se assim fosse.


O meu, dando resposta ao desafio,
Que o teu, nesse fremir, lhe transmitiu,
Tomou o teu desejo por promessa
E uniu-se a esse frémito, com pressa.


Sem ter em conta os anos decorridos
P'ra lá, do que se diz, ser mocidade,
Entrados já, os dois, na meia idade,


Em louca cavalgado dos sentidos,
Soltámos as amarras do prazer,
Deixando tudo o resto acontecer.


Vitor Cintra



Do livro " Contrastes "

domingo, junho 04, 2006

INDECISÕES........VITOR CINTRA





INDECISÕES


Quando o amor te convida
Finges mistérios,
Segredos
E medos;
Se te conquista em seguida,
Sonhas impérios,
E ledos
Enredos;
Mas, na paixão conseguida,
Vês adultérios,
Bruxedos,
Degredos.



Vitor Cintra

do livro "Pedaços do Meu Sentir"
(à venda nas livrarias)

sexta-feira, junho 02, 2006

REMORSO





REMORSO



Tolhido por certezas indiscretas,
Julgadas enterradas noutro tempo,
Ouviu, num doloroso pensamento,
Palavras sem sentido, mas directas.


Distantes, mas tão perto da lembrança,
Causando indisfarcável sofrimento,
Surgiam, na memória do momento,
Fantasmas, revividos por herança.


Na alma, despertando envergonhada,
Ardiam, como brasas, lentamente,
Os gritos duma angústia permanente.


Por vezes, ecoando quase nada,
Surgiam, só a medo, docemente,
Sintomas de quem vive alegremente.


Vitor Cintra


Do livro "ECOS"