domingo, janeiro 27, 2008

RETROSPECTIVA








RETROSPECTIVA



Cansado da vida,
Perdido no tempo,
A alma rendida,
Sem encantamento;
A força perdida
Por esgotamento,
A mente vencida
Pelo sofrimento.
Saudade chorada
Co'a voz embargada,
A sorte jogada
Num mundo sem nada.
Nos anos passados,
Sem eira nem beira,
Os dias marcados
Por muita cegueira;
Os tempos trocados
Por ventos de feira;
Destinos cruzados
De qualquer maneira.
Refeito o caminho,
Seguido sozinho,
Recorda-se o ninho
Com muito carinho.
Rescaldos de dor
Das mágoas sofridas;
Afagos de amor
Das paixões vividas;
Amargo sabor
Das horas perdidas;
Restando o fervor
Das preces sentidas...





VITOR CINTRA
do livro " ECOS "

quinta-feira, janeiro 17, 2008

* É TRISTE *






É TRISTE



É triste ver ruir uma amizade,

Por falta de lisura no fazer,

Pois, mesmo quando há necessidade,

Não pode ver-se ganho em se perder.


É triste, por tão pouco, ver distantes,

Por força de egoísmo, sem sentido,

Amigos que, de há muitos anos antes,

Se tinham de amizade conduzido.


Que frágil se revela um sentimento

Que aceita desfazer-se, num momento,

Num gesto de desprezo, desleal


E actos, repetidos, de desfeita

Que, quando uma amizade se respeita,

Não pode, um só, tomar-se por normal.



VITOR CINTRA


"Murmúrios "

quarta-feira, janeiro 02, 2008

DESTINO




DESTINO


Eram estas e aquelas,
Umas feias, outras belas,
Á conquista deste mundo;
Procurando o prazer delas
Não pensavam nas sequelas,
Nem paravam um segundo.


Ao chamar-lhe preconceito
- Que venceram, por dar jeito
Ao viver de libertinas , -
Desdenharam por despeito,
Dos princípios do respeito,
Que aprenderam em meninas.


Como gatas tendo cio
Qualquer macho lhes serviu
Nessa saga de prazer;
Mas, do tempo que fugiu,
Restou só um leito frio
E a tristeza a condizer.


Já perdidos os encantos,
Sós no mundo, com seus prantos,
Olhar triste, sempre errante,
Lembram homens - foram tantos,
Possuídos pelos cantos, -
Doutro tempo, já distante.



VITOR CINTRA
do livro " Relances "