terça-feira, junho 26, 2007

PENAS





PENAS

Sobre os ombros a sacola,
No caminho para a escola,
Empurrada pelo vento;
Enterrados os pezinhos
Nos lameiros dos caminhos,
Passo a passo, num tormento.

Tiritando com o frio
Vai olhando para o rio
Que rouqueija, com fragor;
Com coragem de criança
Vence o medo, porque avança,
Mas no rosto lê-se a dor.



VITOR CINTRA
do livro " ECOS "

segunda-feira, junho 18, 2007

DESPERTAR




DESPERTAR


Quando o sol beijou a terra
Não havia já luar,
Apagou-se atrás da serra
Afundando-se no mar.

Mas as ninfas que moravam
Nos regatos, entre montes,
Com seus cantos despertavam
Os duendes, reis das fontes.

N'alegria dos sentidos
Acordava a Natureza
Entre as cor's de mais beleza;

E os poetas esquecidos,
Inspirados pelas musas,
Versejavam gestas lusas.


VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

quarta-feira, junho 13, 2007

RETROSPECTIVA



RETROPESCTIVA

Cansado da vida,
Perdido no tempo,
A alma rendida,
Sem encantamento;
A força perdida
Por esgotamento,
A mente vencida
Pelo sofrimento.

Saudade chorada
Co'a voz embargada,
A sorte jogada
Num mundo sem nada.

Nos anos passados,
Sem eira nem beira,
Os dias marcados
Por muita cegueira;
Os tempos trocados
Por ventos de feira;
Destinos cruzados
De qualquer maneira.

Refeito o caminho,
Seguido sozinho,
Recorda-se o ninho
Com muito carinho.

Rescaldos de dor
Das mágoas sofridas;
Afagos de amor
Das paixões vividas;
Amargo sabor
Das horas perdidas;
Restando o fervor
Das preces sentidas ...




VITOR CINTRA

Do livro " ECOS "

quarta-feira, junho 06, 2007

À VIDA




À VIDA



O prefácio duma vida,
Seja lá ela qual for,
Começou ao ser sentida
A chamada do amor.

Antes mesmo que aconteça
O final duma união,
Essa vida já começa
Num bater de coração.

É essência deste mundo
- No sentido mais profundo -
É-lhe devido respeito.

É pequena e indefesa,
Mas um dom da Natureza.
Matá-la? ... Com que direito ?! ...




VITOR CINTRA

do livro " ECOS "

domingo, junho 03, 2007

LEVIANDADE



LEVIANDADE

Por cuidar que estais, senhora,
Co'a maior falta de senso,
Fico triste quando penso
No dia em que ireis embora.

Nem momentos já vividos,
Nem quaisquer juras de amor,
Contarão como penhor
De propósitos perdidos.

Valerá, acaso, a pena
Procurar, num outro lado,
O amor desperdiçado? ...

Quem tem alma tão pequena
Nunca há-de achar um jeito
Que lhe valha algum respeito...



VITOR CINTRA
do livro " ECOS "