quarta-feira, maio 31, 2006

PENSO EM TI






PENSO EM TI



Penso em ti a toda a hora
Numa ânsia permanente.
Muitas vezes noite fora,
Outras tantas como agora,
Penso em ti, constantemente.


Penso em ti, no teu sorriso,
Que me toca docemente.
Quantas vezes não preciso
Sentir só que o meu juizo
Não se perde de repente.


Penso em ti porque, encantado,
Te desejo ardentemente.
Coração acelerado,
Imagino-te a meu lado,
Bem real, na minha mente.



Vitor Cintra


Do livro " Momentos "

terça-feira, maio 30, 2006

DÓI






DÓI



Quero-te tanto que dói!
Mas, nesta dor miudinha,
Profunda, doce, daninha,
Há um encanto d'esperança.
Nela tu és, por lembrança
Dos tempos da mocidade,
O mito da f'licidade,
Que o meu desejo constrói.


Por cada mulher que vejo.
Sinto ternura e desejo.
E todas as que conheço
Acho bonitas, confesso.
Mas sinto, porque te quero,
A dor do meu desespero.


Aquelas, com quem cruzei,
Só possuí, nunca usei.
Não fiz batota com elas,
Nem fiz promessas balelas,
Dei, nessas posses, carinho.

Não quis vivê-las sózinho.


Mas esta dor, que corrói
A mente, como a vontade,
Resulta da intensidade
Do teu fascínio. Enquanto
Minha alma cede ao encanto,
Meu corpo grita bem alto,
Sentidos em sobressalto:
Quero-te tanto que dói !


Vitor Cintra


Do livro " Contrastes "

segunda-feira, maio 29, 2006

MÃOS.....VITOR CINTRA



MÃOS

São grandes, pequenas,
Nervosas, serenas,
As mãos que se agitam,
Repousam, meditam.
Transportam magia,
Tristeza, alegria,
Por isso há encanto
Nas mãos que dão tanto.

As mãos que nos calam
Com mimos que embalam,
Trazendo segredos
Nas pontas dos dedos,
São mãos que fascinam,
Ao toque, dominam,
E em cada carícia
Despertam malícia.

São mãos que tateiam
E o corpo incendeiam,
Soltando o desejo
Gerado num beijo.
E a cada momento
Transmitem alento,
Com gestos singelos,
Marcantes, mas belos.


Vitor Cintra


Do livro "PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(à venda nas livrarias)



domingo, maio 28, 2006

OUTEIRO







OUTEIRO



Deste outeiro, onde me isolo,
Vejo o céu, o mar, o mundo,
Vivo mágoas sem consolo,
Sonho abraços, beijos, colo,
No silêncio mais profundo .


Leio o tempo - que se escoa -
Nas estrelas a brilhar.
Numa ânsia, que magoa,
Sonho tanta coisa boa,
Que me causa medo amar.



Vitor Cintra


do Livro " Vertigem "

quinta-feira, maio 25, 2006

AMARGA..........VITOR CINTRA


AMARGA

Amarga é a manhã da despedida,
Depois que pernoitámos o amor;
Até porque a minha alma, embevecida,
Acende-me, no corpo, o teu calor.

Vulcão de sentimentos, quando a vida
Apenas me deixava colher dor,
Soltando fui amarras, de seguida,
Depois que tu chegaste, sem fragor.

E os dias feitos horas, à medida
Que em ti encontrei paz. E o vigor
Do corpo, natureza reprimida,

Desperto, sem receios, nem pudor,
Unindo-se, com ânsia mal contida,
Ao teu, rendido em êxtase maior.



Vitor Cintra


Do livro "PEDAÇOS DO MEU SENTIR"

(à vendas nas livrarias)

segunda-feira, maio 22, 2006

SENTIMENTOS





SENTIMENTOS



Vindos do fundo dos tempos,
Por caminhos sempre estranhos,
Chegam-nos os sentimentos
Que, por vezes, são tamanhos.


Uns são bons, ás vezes tanto
Que nos causam mesmo medo;
Muitos provocam o pranto,
Outros exigem segredo.


Sempre que um deles desponta,
Em momento inesperado,
Deixa alguém angustiado;

É que, mesmo sem dar conta,
Quem por ele é atingido
Fica até surpreendido.


Vitor Cintra

Do livro " ECOS "

sábado, maio 20, 2006

CONDIMENTOS





CONDIMENTOS


Amar é ter da alma uma visão
Que leva a crer que, sem o ente amado,
Não há, no mundo inteiro, uma razão
Capaz de nos levar a qualquer lado.


Mas crer que não existe, um só, defeito
No ser que é objecto desse amor,
Sabendo que não há ninguém perfeito,
É mera presunção de ter melhor.


Negar que em todos nós há bem e mal,
Não é amar de modo natural,
É ver o amor de forma distorcida.


Varinha de condão dos sentimentos
Os erros, no amor, são condimentos
Que apuram o sabor da própria vida.




Vitor Cintra

do livro " Vertigem "

quinta-feira, maio 18, 2006

FOSTE


FOSTE


Tu foste o sonho e o dom,
A vida que há p'ra viver,
Ideia de amanhecer,
Promessa do muito bom.

Tu foste essa voz, ao longe,
Que ecoa no oceano,
Trazendo calor humano
à vida, quase de monge.


Tu foste a água da fonte,
Que fez pensar na promessa,
Que a vida se recomeça;

Tu foste o cume do monte
Aonde, feita a escalada,
Se encontra a mulher amada.



Vitor Cintra

do livro " Vertigem"

terça-feira, maio 16, 2006

SILÊNCIO




SILÊNCIO



Nesta paz, que é meu enlevo,
Entre céu, pinhais e mar,
Surge muito do que escrevo
E a paixão, de que não devo,
Por pudor, sequer falar.


Surge, em sonhos, um enredo,
Que me impede de te amar;
Surgem mágoas, já sem medo,
E as memórias dum segredo,
Que a vergonha faz calar.


No silêncio a que me entrego,
Quando a musa me chamar,
Do passado, que não nego,
As razões do próprio ego
Hei-de vir a revelar.




Vitor Cintra


Do livro " Vertigem "

sábado, maio 13, 2006

DEDICAÇÃO




Pediste que te abrisse o coração,
Até que desvendasse alguns segredos,
Mas ao contar-te a vida e seus enredos,
Deixei-me dominar p’la emoção.

Falei-te de vivências do passado,
De mágoas, alegrias, dissabores,
Falei-te até de causas e valores,
E vi-me a revivê-los a teu lado.

E foi ao mergulhar em outras eras,
Que fiz extravasar os sentimentos,
Angústia e despertar de sofrimentos;

Comigo estavas tu, como quiseras,
Tentando descobrir esse meu mundo,
Num gesto, sem igual, de amor profundo.



Vítor Cintra


do Livro “ Contrastes “

ÁS VEZES





ÁS VEZES


Às vezes choro.
Às vezes canto.
Outras namoro
‘squecendo o pranto.

Às vezes sinto,
Às vezes não.
Outras desminto
O coração.

Às vezes sonho.
Às vezes faço.
Outras, suponho,
Só embaraço.

Às vezes trago,
Às vezes levo.
Outras apago.
Quando me atrevo.

Às vezes vejo,
Ás vezes não,
Outras desejo
Não ter razão.

Às vezes calo,
Ás vezes digo.
Outras só falo
Se for comigo




Vítor Cintra


Do livro “ Ao Acaso “

*** ELAS ***




*** ELAS ***



São elas que nos fazem ficar tontos
Dizendo agora " sim " e logo " não ".
São elas que nos marcam os encontros
E lançam, por capricho, a confusão.

São elas que nos fazem, sem respeito,
Olhinhos, simulando a indiferença.
São elas que procuram, num trejeito,
Mostrar-se, quando impõem a presença.


São elas que provocam, com perícia,
Com arte, com requebros de malícia,
Os sonhos, que se fingem nas novelas.

São elas que se tornam, na essência,
O doce e amargor duma existência
Que não se sentiriam longe delas.





Vitor Cintra


do livro" Momentos "

AÇORES


Pintura a óleo de Mitó Carreiro


AÇORES



Nove ilhas de beleza deslumbrante,
Surgidas do profundo mar imenso,
Que o mundo conheceu porque o Infante
Tornou o nevoeiro menos denso.

Encostas de mosaicos verdejantes
Elevam-se, rumando ao infinito,
Hortênsias, feitas sebe, são constantes,
Tornando o colorido mais bonito.

Ali, onde gigantes residiram,
Os cumes das montanhas que explodiram,
Tornados em lagoas de beleza,

Relembram aos herdeiros dos atlantes
Que até já os primeiros navegantes
Sabiam respeitar a Natureza.




Vítor Cintra

do livro " RELANCES "

RENÚNCIA....poema de VITOR CINTRA




RENÚNCIA



Num instante, cruzado o olhar,
Um desejo sublime surgia.
Eras tu! Era a vida a chegar!
E contigo um fulgor de alegria.

O destino, por mero capricho,
Ao manter-nos distantes, sabia
Transformar sentimentos em lixo
E a beleza de amar, sem valia.

Em momentos difíceis da vida,
Confundimos amor com carência,
Descobrindo já tarde, querida,
O dilema de ter consciência.

O destino traiu-nos, amor;
Acenou-nos de longe e fugiu,
Sem recatos, vergonha, pudor,
Como um sonho que é belo mas frio.


Vitor Cintra

do livro " Pedaços do Meu Sentir"
(á venda nas livrarias)