quarta-feira, julho 22, 2009

DÓI....poema de VITOR CINTRA




Quero-te tanto que dói!
Mas, nesta dor miudinha,
Profunda, doce, daninha,
Há um encanto d'esperança.
Nela tu és, por lembrança
Dos tempos da mocidade,
O mito da f'licidade,
Que o meu desejo constrói.

Por cada mulher que vejo,
Sinto ternura e desejo.
E todas as que conheço.
Acho bonitas, confesso.
Mas sinto, porque te quero,
A dor do meu desespero.
Aquelas, com quem cruzei,
Só possuí, nunca usei.
Não fiz batota com elas,
Nem fiz promessas balelas.
Dei, nessas posses, carinho.
Não quis vivê-las sozinho.

Mas esta dor, que corrói
A mente, como a vontade,
Resulta da intensidade
Do teu fascínio. Enquanto
Minha alma cede ao encanto,
Meu corpo grita, bem alto,
Sentidos em sobressalto:
Quero-te tanto que dói!



VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "
( à venda nas livrarias)

terça-feira, julho 14, 2009

VENTO poema de Vitor Cintra




VENTO


Que, em brisa suave,
Acaricias o nosso amor,
Quando um dia,
Irmão de mágoas,
Aqui voltares,
Lembra-te
Que aqui nos viste
Amar
E murmurar juras eternas,
E, vento,
Se ela as quebrar,
Solta então a tua fúria
Para que o eco,
O cheiro,
E o sabor,
Deste amor,
Se dispersem pelo infinito
E ela sinta,
Que aqui,
De mim,
Nada restou.


VITOR CINTRA

do livro " Pedaços do Meu Sentir "

domingo, julho 12, 2009

MEMÓRIA

MEMÓRIA

Vimos de tempos distantes
Doutro viver, doutras eras
Feitas de sonho e quimeras,
Onde já fomos amantes.
Redescobrir um momento,
Traz-nos surpresa e alento.
.
Ao relembrar cada um
Desses encontros perdidos,
Sobre o prazer dos sentidos
Temos memória comum,
Feita num outro passado,
Que se viveu lado a lado.

VÍTOR CINTRA
do livro "Pedaços do Meu Sentir"

sábado, julho 04, 2009

Duendes


DUENDES

Andam duendes à solta
Nalguns caminhos 'scondidos,
Só quem apura os sentidos
Pode senti-los à volta.

Ouvem, alguns, gargalhadas,
Outros só ouvem gemidos,
Nesses atalhos seguidos
Em noites mais estreladas.

É nesse mundo risonho,
Sem um temor desmedido,
Que cause dor, ou revolta,

Que, quem viveu um tal sonho,
Se mostra mais convencido
Que andam duentes à solta.

Vítor Cintra
do livro: Pedaços do Meu Sentir