sexta-feira, julho 28, 2006
QUEIXA
(Fotografia de Joel Calheiros)
QUEIXA
O silêncio que transpira
Deste amor, que tudo afronta,
É razão que sempre inspira
A labor de maior monta.
Porque, mais dissimulado
Que o silêncio do desejo,
É saber ficar calado
E fingir que nada vejo.
Se, senhora, do pecado,
Que me deixa tão chocado,
É prazer que desejais,
Um trabalho tão forçado
Por vos ter um dia olhado,
É castigo mau demais.
Vitor Cintra
Do livro " Divagando "
sábado, julho 22, 2006
AMAR........VITOR CINTRA
AMAR
Amar é estar em nova estada,
É sim, é não, é tudo, é nada;
É vir, partir, recomeçar,
É rir, chorar, é recordar.
É sol, é chuva, é dar sem ter,
É bom, é mau, razão de ser,
É paz, é guerra, é ilusão,
É doce amargo, dom, paixão.
É céu, é terra, é mar, é vento,
É luz, calor, deslumbramento,
É força, é dor, é uma miragem.
É vida e morte, é renascer,
É querer, sem crer e sem descrer,
É fé, é culto de uma imagem.
Vitor Cintra
Do livro " PEDAÇOS DO MEU SENTIR"
(à venda nas Livrarias)
domingo, julho 16, 2006
FRONTEIRAS
FRONTEIRAS
Nas fronteiras do amor
Há sempre uma zona escura
Que, sem chegar a ser dor,
Nunca chega a ser doçura.
O coração a bater
- Desespero desmedido -
Uma ânsia de viver,
Um desejo mal contido.
Esp'rança no que não vem,
Na certeza que há-de vir
Fazer a vida sorrir,
Sem receio de que alguém
Possa surgir, num momento,
E quebrar o encantamento.
Vitor Cintra
Do livro " Ao Acaso "
terça-feira, julho 11, 2006
CERTEZA
CERTEZA
Chegou o momento
De te recordar,
Cabelos ao vento,
A luz no olhar,
Sorriso de alento
E seios de altar,
Andar de tormento,
Desejo de amar.
Com toda a candura,
Sonhando ternura;
Esbelta figura;
Beleza madura.
Nenhum pensamento,
Me vai dominar,
Além do intento
De te conquistar.
Se algum sofrimento
Me pode marcar
É só por ver lento
O teu regressar.
Vitor Cintra
Do livro " Memórias "
quinta-feira, julho 06, 2006
SEM AMARRAS
SEM AMARRAS
Quem 'screve poesia por prazer,
Sem ter celebridade como meta,
Embora sem um nome a defender
Não deixa, mesmo assim, de ser poeta.
Sei bem que pouco sou e não mereço
Memórias, nesse tempo do futuro;
Mas não serei refém do alto preço
Que paga quem arrisca, " sem seguro ".
Nasci de gente humilde, mas honrada.
Só tendo o meu bom nome como herança
Cruzei a vida, cara levantada.
Não vou, para ver obra publicada,
Deixar, neste meu nome, má lembrança
De ter, em vida, fama bajulada.
Vitor Cintra
Do livro " Dispersos "
sábado, julho 01, 2006
COMPANHEIRA
COMPANHEIRA
Quando o sol beijou a lua,
Num seráfico jardim,
Minh'alma chamou a tua
E o amor nasceu assim.
Eram tempos de ternura
Onde sonhos irreais,
Num enlevo de candura
Se mostravam tão reais.
Mas o tempo, de tão lesto
Ao passar, deixou atrás
Coisas boas, outras más.
Num sonhar bem mais modesto
Transformou tudo, num gesto,
Mas também nos trouxe a paz ...
Vitor Cintra
Do livro " RELANCES "
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