terça-feira, setembro 28, 2010

SORRINDO

Se abres sorrisos à vida
Vivem teus olhos um sonho,
Que há-de espelhar-se em seguida
Nesse teu rosto risonho.
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Só vive a vida sorrindo
Quem de amarguras se despe
E, se num quadro mais lindo,
Pinta, do mundo, o que preste.
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Quadro que, nos tons vibrantes,
Põe, transbordando de luz,
Gestos que o sonho traduz.
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Gestos que são importantes
P'ra quem de amor se perdeu
Nesse sorriso tão teu.
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Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

quinta-feira, setembro 23, 2010

MITOS

Ao mastro agrilhoado com cadeias,
Lutando contra o mar, tempestuoso,
Ulisses, por destino, corajoso,
Fugia do encanto das sereias.
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Penélope tecia, sem parar,
Enquanto acontecia a sua espera,
Zelosa, no Olimpo, andava Hera,
Eolo, furioso, sobre o mar.
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Os deuses, esperando que o desvelo
Apresse e ponha fim nesse novelo
De que depende a vida do herói,
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Não sabem que Penélope porfia
E, se tecendo vai durante o dia,
À noite esse trabalho ela destrói.
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Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

sábado, setembro 18, 2010

IMAGEM

Teus olhos rasgados,
Castanho-dourados,
São lindos! São sonho!
São doce promessa
Que a vida começa
Num rosto risonho.
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Teus longos cabelos,
Sedosos e belos,
São asas ao vento,
Voando à procura
De doce loucura,
Dum encantamento.
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Teus lábios vermelhos,
Tão jovens, são velhos,
Sorrisos, calor,
São fonte de beijos,
Sussurros, desejos
E juras de amor.
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Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

domingo, setembro 12, 2010

OS OLHOS

Olhos azuis, cor de céu,
Duma beleza sem fim,
Quem, por amor, se perdeu,
Lembrá-los-á sempre assim.
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Mas os castanhos, intensos,
São ternos, meigos de mais,
Vivem de arroubos imensos,
Amam, sem terem rivais.
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Da cor do mar são os olhos
Onde navegam os meus,
Verdes, profundos, escolhos
De paixão, sombras e véus.
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Porém, da cor do ciúme,
Cheios de mágoas e ais,
São os que põem negrume
Nos olhos negros, leais.
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Vítor Contra
Do livro Entre o Longe e o Distante

segunda-feira, setembro 06, 2010

AFAGOS

São ditos, são gestos,
Intensos, modestos,
São tudo, ou os restos,
De cada sentir;
Paixão reprimida,
Ou mágoa sentida,
Adoçam a vida,
Fazendo sorrir.
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Ardentes e ledos
Desvendam segredos,
Desfazem os medos
E, logo a seguir,
Despertam sentidos;
Desejos, contidos
Em sonhos vividos,
Irão descobrir.
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Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

quinta-feira, setembro 02, 2010

DELFINA

Filha de Delfos, que fazes
No topo dessa colina?...
Teus olhos são bem capazes
De te tornarem menina,
Na busca do tal momento,
Que chega na voz do vento.
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Se Pítia te lançou já
O Dom do seu vaticínio,
Só o futuro dirá
Se é bom, ou mau, reciocínio
A escolha duma aventura
Que à vida traga doçura.
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Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE