sexta-feira, março 27, 2009

MARCAS




Revestem-se de mágica teus sonhos,
Na ânsia de apagar a realidade
E pôr bastante longe a fealdade
E a dor, de tantos dias tão tristonhos.

Arredam-se da mente, nessa ânsia,
As mágoas dos abusos, tão sofridos,
Sevícias e queixumes, doloridos,
Que marcam. de tristeza, a tua infância.

Ás mãos, e por vontade, do adulto,
Que tinha obrigação de te cuidar,
Perdeste a inocência de criança,

E as marcas, no teu corpo, do insulto,
Que nem sequer o tempo há-de apagar,
São tudo o que te resta por lembrança.


VITOR CINTRA
do livro " à Distância "

1 comentário:

Isabel Preto disse...

Que lindo e triste, ao mesmo tempo!
É pena que haja adultos capazes de fazer mal a uma criança!
Ontem soube de uma aluna minha...com alguns problemas...este poema fez-me avivar a sua lembrança.