terça-feira, junho 06, 2006

FRÉMITO







FRÉMITO



Senti teu corpo abrir-se de desejo
No sôfrego trocar de longo beijo,
Fremendo em gesto impúdico de posse,
Disposto a consumá-la, se assim fosse.


O meu, dando resposta ao desafio,
Que o teu, nesse fremir, lhe transmitiu,
Tomou o teu desejo por promessa
E uniu-se a esse frémito, com pressa.


Sem ter em conta os anos decorridos
P'ra lá, do que se diz, ser mocidade,
Entrados já, os dois, na meia idade,


Em louca cavalgado dos sentidos,
Soltámos as amarras do prazer,
Deixando tudo o resto acontecer.


Vitor Cintra



Do livro " Contrastes "

7 comentários:

Anónimo disse...

Cheguei, li, deliciei-me.
Hei-de voltar, ainda que não diga nada, até porque qualquer comentário que possa fazer não será nunca capaz de exprimir todo o prazer que sinto ao mergulhar na tua poesia.
Obrigado por ela.
Helena

agua_quente disse...

Bonito e muito sensual. A mocidade não é dona do amor... :)
Beijos

Anónimo disse...

O amor é uma companhia

O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.

Alberto Caeiro

Bj*

Anónimo disse...

Parabéns, Alma de Poeta... "Frêmito" exalta o desejo e esse, não tem idade ... só é muitas vezes, escondido como se fosse vergonha!
Bela escolha e também, parabéns pela música que faz o clima propício para o desejo.

Anónimo disse...

Para além da força do poema, encontrei, como companhia, uma imagem de um dos meus filmes preferidos..., apesar de o ser, teimo em não voltar a ver (limito-me a escutar a banda sonora muitas vezes...) porque é dolorosa a separação do amor...

xxx

Ondas de luz
Que se desenrolam...
Do teu corpo
Nos meus dedos
Anéis que brincam;
São estrelas na areia
Que guiam.
Conhecer-te...
Mesmo esse eco
Que se disfarça
De distância,
Toca este olhar
Que (me)
Te lembra.
E
Quando as ondas
Te trazem
No vaivém do Tempo...
Construo castelos
Para
Te eternizar,
Numa realidade
Com um final feliz.
Assim
O diz
Aquele velho búzio
Que escutamos.
Palavras marmóreas
Que fluem dos anos.
Que falam das estrelas
-Sedentas de brilhar-
Caminhantes de um tempo:
Aquele
Em que se dão as mãos.
Convergindo
Para o mesmo encontro:
Nós


susana júlio

xxx

Beijos aqui da Teia

gato_escaldado disse...

apreciei o soneto e oblog, que ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer...

abraços

Papoila disse...

Muito bonito este soneto.
O amor, acontece.
Beijo