quarta-feira, dezembro 28, 2011
segunda-feira, dezembro 05, 2011
Amanhã
Mostra-se amargo o presente
Quando o silêncio, ditado
Pela ganância, consente
Que exista fome a seu lado.
Mostra-se negro o futuro
Que a escuridão, no passado,
Fundamentou inseguro
Por ser de mágoas marcado.
E porque hoje se sente
Que o tempo está balizado
Pelo que é certo, ou errado,
Entendo eu, de repente,
Que é quase certo ser duro
Esse amanhã, que procuro.
Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS
sexta-feira, novembro 25, 2011
«MEMÓRIA DAS CIDADES»
A cerimónia de lançamento em simultâneo, de ambos os livros foi decidida, de comum acordo, pelos autores e pela editora, para destacar o facto de cada um dos livros ser o quinto, que a Editora Temas Originais publica, de cada um dos autores.
segunda-feira, novembro 21, 2011
FALAR
Não tenho que falar com mil cuidados
Pensando se a palavra é ofensiva
Só porque tu, de forma compulsiva,
Em todas as palavras lês recados.
Nem devo questionar-me se o que entendes,
Distante embora da realidade,
Terá mais ligação com a verdade
Do que essas ilações a que te prendes.
Só falo com franqueza, abertamente,
Sem pôr meias palavras de permeio,
Mas sem dos teus melindres ter receio;
Bem sei que gostas mais de quem te mente,
Promete isto e aquilo e mais o mundo,
Embora tudo esqueça, num segundo.
Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS
sexta-feira, novembro 18, 2011
Nas margens do desejo
Nas margens do desejo
o sono vagueia a noite,
em passos de inquietude.
Com requebros concupiscentes
Vénus,
esgueirando-se, irrequieta,
dobra as esquinas da fantasia,
em ânsias de sedução.
Destino desenha cinzentos de desesperança
nas encruzilhadas da ilusão.
Os deuses, porém, perdem-se na escuridão.
Vítor Cintra
Do livro: Nas brumas da magia
segunda-feira, novembro 14, 2011
São teus
quinta-feira, novembro 10, 2011
Mulher
nas formas do teu corpo,
a beleza de gerações.
Cinzelando com precisão,
talhou-te a face delicada,
rasgou-te o sorriso sedutor,
acendeu-te o fogo do olhar,
ergueu-te o pescoço esbelto,
ornando-os com o perfume dos teus cabelos.
Com rasgos de génio,
elevou-te os seios sensuais,
alisou-te o ventre fértil,
torneou-te as coxas soberbas,
alongou-te a elegância das pernas
tornando-te um mito, chamado mulher.
Ao dotar-te de sensibilidade,
Deus transformou-te na obra-prima da Criação.
Vítor Cintra
Do livro: Nas brumas da magia
domingo, novembro 06, 2011
DESABAFOS
Contam os passos
Que dei na vida,
E nesse caminhar, muitos segredos
Falam de medos,
E despedida.
.
Deixados ao acaso, os pensamentos,
Recordam tempos
Da mocidade,
E desse caminhar, dos tempos idos,
Porque sentidos,
Surge a saudade.
..
Vítor Cintra
Do livro Entre o Longe e o Distante
segunda-feira, outubro 31, 2011
A M A R
.
Amar é estar em noca estada,
É sim, é não, é tudo, é nada;
É vir, partir, recomeçar,
É rir, chorar, é recordar.
É sol, é chuva, é dar sem ter,
É bom, é mau, razão de ser,
É paz, é guerra, é ilusão,
É doce amargo, dom, paixão.
É céu, é terra, é mar, é vento,
É luz, calor, deslumbramento,
É força, é dor, é uma miragem.
É vida e morte, é renascer,
É querer, sem crer e sem descrer,
É fé, é culto de uma imagem.
Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR
segunda-feira, outubro 17, 2011
ILUSÃO
Num reino que surgiu num faz de conta,
Senhora de capricho intolerante,
A deusa cujo trato nos afronta.
.
Nascida do desmando, ou de loucura,
Criada por prazer, ou por ganância,
Colheu, nos maus caminhos, amargura,
Deixada a castidade na infância.
.
Mas quando, nesse mundo que a oprime,
A fama, que gerou, não a redime,
Sucumbe, por fracasso, na penúria.
.
Partindo, numa busca desregrada,
Encontra, no caminho ruma a nada,
A sua condição de ser luxúria.
.
Vítor Cintra
Do livro: ECOS
sábado, outubro 08, 2011
DIADEMA
sábado, outubro 01, 2011
DESAFOROS
São desaforos de mim
Esses teus ais, ou suspiros,
Como se fossem respiros
Do coração, sem ter fim.
.
São desaforos de mim
Essas visões, encantadas,
Entre bafejos, tornadas
Como cicuta ruim.
.
São desaforos de mim
Esses sentires, eivados
De tantos sonhos, deixados
Ao guizalhar de arlequim.
.
Vítor Cintra
Do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE
quarta-feira, setembro 28, 2011
PEQUENEZ
Não são, nem nunca foram, importantes
As causas que tu dizes cruciais,
Mesquinhas sim, até deselegantes,
Mas isso só, apenas, nada mais.
.
Os dramas, esses dramas pequeninos,
Porque alguém diz que disse, ou porque fez,
São nada, nem sequer são genuínos,
Nem valem que se diga «era uma vez...»
.
Se toda a tua vida for só isso,
Lamenta a erosão do teu viver
E trata de arranjar o que fazer.
.
O tempo leva modas e feitiço,
Mas nunca levará a mesquinhez
De quem a não sacode de uma vez.
.
Vítor Cintra
Do livro: PASSAGENS
sábado, setembro 24, 2011
DESESPERO
Num certo dia, bem cedo,
Quando se ergueu, manhãzinha,
Viu-se a criança sozinha,
Abriu-se a porta do medo.
.
No rosto lágrimas, dor,
Chamando com desespero:
«Mãezinha!... Mãe, eu te quero!...
Mãe, onde estás?... Por favor...»
.
Num choro tão soluçado,
O coração, apertado,
Cativo desse abandono,
.
Foi, num passito apressado,
Perder-se num mundo errado,
Medrosa do próprio sono.
.
Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS
terça-feira, setembro 20, 2011
VELHICE
sexta-feira, setembro 16, 2011
DESENGANO
Vivendo só de sonhos se perdeu
A força que, trazida por Perseu,
Chegou, um dia, à terra lusitana;
E, sem pensar que a sorte era madrasta,
Julgando que Fortuna não se gasta
Agimos da maneira mais insana.
.
O Pégaso, que Ulisses cavalgou,
Que o mar em caravela transformou,
Connosco a percorrer os oceanos,
Deixou-nos, indo em busca de outro deus,
Dispondo-se a servir somente Zeus,
Ao ver que apenas éramos humanos.
.
Vítor Cintra
Do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE
terça-feira, setembro 13, 2011
PAIXÕES
As mãos que acariciam o teu rosto
E moldam, com ternura, lentamente,
As formas dos teus seios e do ventre,
Acendem-te no corpo um fogo, posto
Em ondas de paixão, que se agigantam.
.
Na ânsia que domina os teus sentidos
E alastra, como fogo, nas entranhas,
Elevas-te mais alto que as montanhas,
Até que te derramas, em gemidos,
Às mãos que te arrebatam e encantam.
.
Vítor Cintra
Do livro: AFAGOS
sexta-feira, setembro 09, 2011
REVIVER
Embarga-se-te a voz, de comoção,
Os olhos, marejados, mostram dor,
E todo o teu "viver um grande amor"
Se vai, dentro das tábuas dum caixão.
.
Ceifou-te a morte, a vida por viver,
A alma, que se apaga em solidão
E, por despojos, deixa a sensação
De que nada mais resta do teu ser.
.
Mas há sempre, amanhã, um sol que nasce,
Ainda que de negro, hoje, se vista
O céu, no horizonte que se avista.
.
E, nesse renascer, o homem faz-se
De novas esperanças, em que a vida
Reclama o seu direito a ser vivida.
.
Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS
segunda-feira, setembro 05, 2011
NOTÍCIA
Andou de mão em mão, de boca em boca,
Correndo o mundo inteiro, coisa louca,
Jornais, televisões, num diz que disse,
Até que ninguém mais o repetisse.
.
Surgiu e fez furor, gerou intrigas,
Cresceu, foi novidade entre as amigas,
Valeu untervenções politiqueiras,
Governo, oposição, tecendo asneiras.
.
Depois de muito brado e muita tinta
Chegou, por fim, o tempo de morrer
Por nada mais haver para dizer.
.
E embora muita gente ainda sinta
Que muito se falou só por malícia,
Diana já deixou de ser notícia.
.
Vítor Cintra
Do livro: AFAGOS
sexta-feira, setembro 02, 2011
HOJE
Hoje,
Que o pulsar do coração
Pintalgou de ternura
O sonho da esperança,
- Ilusão de poetas -
Sorrio!
.
Hoje,
Que o silêncio das almas
Cavalgou a superfície
Deste mar agitado,
Que é dor de poetas,
Estou só!
.
Hoje,
Que o fragor das ânsias
Arrebatou as ideias
Rasgando saberes
E o sentir de poetas
Perco-me!
.
Hoje,
sorrio,
porque estou só,
mas perco-me!
.
Vítor Cintra
Do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE
domingo, agosto 14, 2011
AVÔ
Quantas farturas tão parcas;
Quantas carências vividas;
Quantas angústias sentidas,
Para gravar essas marcas.
.
Marcas que a vida deixou
Nesse teu rosto enrugado,
Onde se lê que o passado
Te foi difícil, avô.
.
Mas, no caminho dos anos,
Nem mágoas, nem desenganos,
Te viram perder o norte;
.
Nem foram razão bastante
P'ra te lançar num errante
Caminho, buscando a sorte.
.
Vítor Cintra
No livro: AFAGOS
quarta-feira, agosto 10, 2011
MESQUINHEZ
Não são, nem nunca foram, importantes
As causas, que tu dizes cruciais;
Mesquinhas sim, talvez deselegantes,
Mas isso só, apenas, nada mais.
.
Os dramas, esses dramas pequeninos,
Porque alguém diz que disse, ou porque fez,
São nada, nem sequer são genuínos,
Nem valem que se diga «era uma vez...»
.
Se toda a tua vida for só isso,
Lamenta a erosão do teu viver
E trata de arranjar o que fazer.
.
O tempo leva modas e feitiço,
Mas nunca levará a mesquinhez
De quem a não sacode de uma vez.
.
Vítor Cintra
Do livro: PASSAGENS
sexta-feira, julho 29, 2011
Soltam-se as amarras...
Soltam-se as amarras do desejo,
num tempo,
sem tempo ou memória,
arrebatando a alma.
.
O delírio
envolve a fragrância do devaneio,
decapitando resistências.
.
À flor da pele serpenteiam sabores.
.
Os sentidos,
respirando trinados,
ecoam fantasias.
.
No ar,
vazio de visões,
atropelam-se, agigantando-se,
ávidas emoções.
.
No cume,
há impulsos piroclásticos
que abalam os corpos.
.
No silêncio repousam quietudes.
.
Vítor Cintra
Do livro: NAS BRUMAS DA MAGIA
segunda-feira, julho 25, 2011
ABANDONO
Cai a chuva, forte, fria
E ao romper a madrugada
Surge, à luz do novo dia,
A criança abandonada.
.
O farrapo que lhe cobre
O corpinho, emagrecido,
Não servia a outro pobre,
De tão velho, tão poído.
.
Sem amor de pai e mãe,
Sem cuidados, sem carinho,
Sem destino, nem caminho.
.
Que futuro espera alguém
Tão pequeno e tão sozinho,
Co' o descaso por vizinho?
.
Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR
domingo, julho 17, 2011
As Mulheres
quarta-feira, julho 13, 2011
EGOÍSMO
Sou pedra implantada à beira mar,
Sofrendo as investidas da maré,
Sentindo, lentamente, esboroar
A terra firme que me tem de pé.
Viver, a vida toda, em solidão,
Ter gente à volta mas vivendo só,
É ter, do mundo, toda uma visão
De tronco morto, que caiu no pó.
Gritar ao mundo, raiva, desespero,
Calando mortes, lágrimas e dor,
É grito tolo, grito de egoísmo;
É como ter, apenas, o que quero
Sem ter terra firma de amor
Que evite a queda certa no abismo.
Vítor Cintra
do livro “ Ao Acaso “
sábado, julho 09, 2011
MINHA AMADA
E terno o teu sorriso, refrescante;
Ao longe, o teu cabelo, esvoaçante,
Transforma-te em visão quase encantada.
.
E quem te vê passar, mesmo apressada,
No teu andar ligeiro, cativante,
Não deixa de notar, no ar dançante,
Encanto de quem vive apaixonada.
.
No porte, minha bela, esse encanto,
Que deixa toda a gente deslumbrada
E põe qualquer rival enciumada,
.
Aumenta esta paixão, que cresce tanto,
Ao ponto de não ver, nem fazer nada,
Além de idolatrar-te, minha amada.
.
Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS
terça-feira, julho 05, 2011
DISTÂNCIA
sexta-feira, julho 01, 2011
Fragrâncias
.
Fragrâncias de intimidade
transbordam desejos
que a sensualidade respira.
.
Vestem-se de toques subtis, os sentidos,
despertando,
no limite dos suspiros insinuados,
o arrebatamento da paixão.
.
No sublimar dos corpos em fusão,
o Universo pára, num curto infinito,
inebriado,
na visão das estrelas.
.
Vítor Cintra
Do livro: NAS BRUMAS DA MAGIA
segunda-feira, junho 27, 2011
Gesto
Nesse gesto de carinho,
que irradia
um perfume a rosmaninho,
que inebria,
há um corpo de mulher,
que me abraça,
e um desejo que, ao crescer,
me embaraça.
.
Há um rosto que eu afago, com ternura,
e uns lábios que me beijam, com doçura.
.
E no fogo que, entre os corpos, se acendeu,
há um mundo de mistérios, todo meu.
.
Vítor Cintra
Do livro: NAS BRUMAS DA MAGIA
quinta-feira, junho 23, 2011
MONHOS
sábado, junho 18, 2011
VIDAS
De calção curto e sacola,
sexta-feira, junho 10, 2011
FASCÍNIO
domingo, junho 05, 2011
DEDICATÓRIA
Nestes poemas que escrevo,
Há muito mais que saudade,
Há protestos, há enlevo,
Há paixões que trago e levo,
Lembranças da mocidade.
.
Muitos falam de alegrias,
Quantos de mágoas, também,
Outros lembram-me bons dias,
Terras, gentes, nostalgias
E muito amor por ti, Mãe.
.
Vítor Cintra
No livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE
sexta-feira, maio 13, 2011
DEPOIS ...
DEPOIS ...
Se, cada vez que a fizesse,
A jura fosse cumprida,
Talvez jamais sucedesse
Sentir-se tão deprimida.
Depois do tempo do sonho,
Ante a crueza da vida,
Não há futuro risonho
P'ra quem viveu iludida.
Os olhos contam mágoa
- Às vezes tão rasos de água,
Que fazem crer que é sentida -
E a dor, que gera o desgosto,
_ Muito maior que o suposto -
P'la inocência perdida.
Vitor Cintra
do livro " Relances "
segunda-feira, maio 09, 2011
ENLEVO
ENLEVO
Como sonho sem ter prazo,
Absoluto, que domina,
O amor que nos anima
Despertou por mero acaso.
Há um mundo de alegria,
Um porvir feliz, risonho,
Neste amor feito do sonho,
Que vivemos cada dia.
Entre rasgos de paixão
Cada gesto de carinho
Embriaga, como vinho.
Estremece o coração
Com sorrisos e carícias,
Que trocamos, com malícia.
Vitor Cintra
Do livro " ENTRE O LONGE E O DISTANTE "
quinta-feira, maio 05, 2011
DISSE
À vida disse: "Não ponho
Noções de fé infundada
Em ilusões feitas sonho,
Que não me levam a nada".
.
Pois no meu tempo de vida,
Da vida que Deus me deu,
Desde a chegada à partida,
As marcas, busco-as eu.
.
Aos anos deitei os sonhos,
As ilusões, a esperança
Feita de cada mudança,
.
Mas dos meus dias risonhos,
As nesgas de f'licidade
Guardei-as junto à idade.
.
Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR
segunda-feira, abril 25, 2011
POVO
Cantei! Cantei com alma e coração!
Cantei, com toda a força e muito empenho,
A saga deste povo, cujo engenho
Impôs ao mundo o nome da nação.
Zurzi, com muita gana e mor furor,
Os biltres que trairam o país,
Senti o coração vibrar, feliz,
Por ver na minha musa algum valor.
Que nunca se nos varram da memória
Os homens que, fazendo a nossa história,
Lutaram p'la justiça, com moral.
Mas, porque somos hoje um país novo,
Lembremos que, nascidos deste povo,
Há outros que traíram Portugal.
Vítor Cintra
Do livro: À DISTÂNCIA
quinta-feira, abril 21, 2011
Horizontes
Horizontes,
Raios de luz na distância,
Quando o amor, na infância,
Nos deu ternura e saber; .
Horizontes,
Olhos sonhando um futuro,
Que se crê certo e seguro,
Sem que haja mal a temer. .
Horizontes,
Crer que, num novo amanhã,
Bem mais feliz e mais sã
A vida se há-de viver; .
Horizontes,
Vida a ganhar importância,
Sem que se tema arrogância
De quem não sabe perder. .
Vítor Cintra
Do livro: HORIZONTES
domingo, abril 17, 2011
ENCONTROS
segunda-feira, abril 04, 2011
OLHAR
No teu olhar
mora um azul de céu de primavera,
donde gotejam promessas
dum paraíso ansiado.
Centelhas de ternura,
no sorriso, que te adorna o rosto,
acendem luzeiros de encanto,
que iluminam o sonho,
perfumando de esperança um amanhã feliz.
Desejos calados
vestem fragrâncias, de inenarrável doçura.
Vítor Cintra
Do livro:Nas brumas da magia
terça-feira, março 29, 2011
MIMOS
Andámos juntos p'lo mundo.
Corremos atrás dum sonho,
Fugindo do enfadonho,
Restrito, vulgar, constante.
Sorvemos cada segundo
Da mágica fantasia,
Nascida no dia a dia
Da vida de modo errante.
Do sonho, que perseguimos,
Colhemos amor e mimos.
Vitor Cintra
Do livro: MOMENTOS
sexta-feira, março 25, 2011
FUI EU...
Fui eu quem te arrastou p'lo mundo fora
Te fez olhar a vida de outra forma,
Rasgou teus horizontes e, por norma,
Te fez valer a pena cada hora.
Fui eu quem te ensinou quanta alegria
Se sente quando o ego, que há em nós,
Aprende a respeitar aquela voz
Que faz valer a pena cada dia.
Fui eu quem te afirmou que o homem chora,
Se houver razão de choro alguma vez,
Sem ter que ter vergonha porque o fez
Se, quando esse motivo vai embora,
Souber sentir, de novo, o mundo imenso
E a vida, perfumados com incenso.
Vítor Cintra
Do livro PEDAÇOS DO MEU SENTIR
sábado, março 12, 2011
M U L H E R
A Natureza modelou,
nas formas do teu corpo,
a beleza de gerações.
Cinzelando com precisão,
talhou-te a face delicada,
rasgou-te o sorriso sedutor,
acendeu-te o fogo do olhar,
ergueu-te o pescoço esbelto,
ornando-os com o perfume dos teus cabelos.
Com rasgos de génio,
elevou-te os seios sensuais,
alisou-te o ventre fértil,
torneou-te as coxas soberbas,
alongou-te a elegância das pernas
tornando-te um mito, chamado mulher.
Ao dotar-te de sensibilidade,
Deus transformou-te na obra-prima da Criação.
terça-feira, março 01, 2011
domingo, fevereiro 20, 2011
CARÊNCIAS
Náufrago doutras vivências,
Órfão do tempo que passa,
Vejo nas minhas carências
Marcas de antiga desgraça.
.
Trouxe, dos tempos do nada,
Restos de vida malsã,
Feitos memória passada
Noutro viver, amanhã.
.
Sinto que a vida repete,
Sem eu saber o porquê
Disso - que mais ninguém vê -,
.
Cinco, seis vezes, ou sete,
Certas noções de viver,
Para que eu possa aprender.
.
Vítor Cintra
Do livro: Entre o Longe e o Distante
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
SÓ
segunda-feira, fevereiro 14, 2011
TRAQUINAGENS
Nasceram nos teus olhos tantos sonhos,
No tempo em que a infância, descuidada,
Vivia cada um pequeno nada
Em rostos desgrenhados, mas risonhos.
.
O mundo confinado à outra margem
Do rio que, correndo docemente,
Servia de recreio frequente,
Um muitas incursões da miudagem.
.
Não vinham dos adultos mais perigos
Do que esses que eram fruto dos castigos
Punindo, sem rigor, as «traquinagens»;
.
Mas muitos desses sonhos, que surgiam
À luz desses teus olhos, que sorriam,
Morreram, engolidos por voragens.
.
Vítor Cintra
Do livro: PASSAGENS
quinta-feira, fevereiro 10, 2011
AGONIA
Sinto rasgos de ternura
Ao ouvir coisas da vida,
P'ra sentir, logo em seguida,
Muitos outros de amargura;
.
Quantas vezes, por saudade
Do que resta na distância,
Não apenas na infância
Mas também na mocidade.
.
Trilhei vida, fiz caminho,
Quase sempre fui sozinho,
Sem arroubos, ou paixão;
.
Muitas vezes, derrotado,
Vi-me só, com gente ao lado,
Sem que alguém me desse a mão.
.
Vítor Cintra
Do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
ILUSÕES
Ardem desejos enormes
sexta-feira, fevereiro 04, 2011
CAPRICHO
Surgia do Olimpo, atarefada,
Europa, pondo os olhos no poeta,
Em busca de domínio sobre o Nada,
Perdido sob o céu azul de Creta.
.
Distante, noutro mundo, andava Zeus.
Não vendo a intenção libidinosa,
Julgava ser senhor, porque era deus,
Das ânsias dessa deusa caprichosa.
.
E a musa, que o poeta abandonara,
Ao provocar no homem sofrimento,
Cedeu à deusa o seu melhor momento.
.
Na força do capricho, cara a cara,
Usando seduções tais e tamanhas,
Levou-o às orgias mais estranhas.
.
Vítor Cintra
Do livro: Entre o Longe e o Distante