sexta-feira, janeiro 28, 2011

MARINHAR

(imagem recolhida na internet)
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Mostrando-nos as rotas dos oceanos
Mandaste-nos em busca de outra gente.
As rotas nos levaram ao oriente
E a saga se arrastou por largos anos.
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Chegàmos onde o povo é doutra raça
E tem outra cultura, bem diferente,
Sabendo, com astúcia inteligente,
Vencer qualquer receio e ameaça.
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Deixàmos bons amigos, aliados,
Certeza de bem breve haver regresso,
Respeito, são convívio e sucesso.
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Trouxemos ouro, pedras e brocados,
Orgulho no saber da marinhagem,
E a vós, senhor e rei, a vassalagem.
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Vítor Cintra
Do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE

segunda-feira, janeiro 24, 2011

OLHAR

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Nos teus olhos, cor do céu,
Mais azuis do que este mar,
Surgem sombras, como um véu,
Talvez mágoas por chorar;
Restos já dum tempo errante,
Tão calado quão distante.
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Nesse olhar meigo, profundo,
- Tentação de mergulhar -
Há segredos, outro mundo,
Renascidos ao luar,
Num silêncio tão gritante,
Que se torna penetrante.
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E o desejo de te amar,
Que se acende nesse olhar,
Gera um novo despertar.
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Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR

sexta-feira, janeiro 21, 2011

GUARDO

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Guardo na alma a saudade
Dum tempo de felicidade.
Um tempo de encanto tal
Surgindo como irreal.
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Guardo a luz, a eternidade,
De um gesto só, de bondade,
Um gesto de doação
Vindo dum bom coração.
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Guardo no peito a idade
E um sonho da mocidade,
Que pôs nos olhos encanto,
Num mundo quase de espanto.
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Vítor Cintra
Do livro: AFAGOS

terça-feira, janeiro 18, 2011

DIÁSPORA

(imagem recolhida na internet)
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Andei por terras distantes,
Vi outros mundos e gentes;
Vi coisas muito diferentes,
Mas outras bem semelhantes.
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Em guerra sem ter sentido,
Nem tido fui, nem achado;
Parti, quando fui mandado,
Sem nunca ter sido ouvido.
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Nas forças e nas fraquezas
Senti reais incertezas,
Vivendo tudo de perto.
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Mas, dentro das tradições,
Colhendo muitas lições,
Agi do modo mais certo.
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Vítor Cintra
Do livro: Entre o Longe e o Distante

sábado, janeiro 15, 2011

A TI...

Aquilo que nesta vida,
Me fez ser feliz assim,
Foi ver que, embora sofrida,
Surgistes tu, de seguida,
Mostrando gostar de mim.
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Se alguma coisa me deixa
Marcado, no bom sentido,
É ver-te, sem qualquer queixa,
Cuidar de quem te desleixa
No modo de ser, vivido.
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Por isso quem te condena
Por passos, que desconhece,
Ou tem, por razão pequena,
Viver que nem vale a pena,
Ou nem sequer te merece.
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Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR

terça-feira, janeiro 11, 2011

APENAS TU




Foste chegando.
Insinuante,
Meiga.
Pé ante pé,
Sorriso de alento,
Presente,
Constante,
Invadindo a minha alma.
Na voz doce,
O mimo e a calma,
O auto de fé
Da alma, que é leiga.
O fim do tormento.
Já nada sobrando
Da angústia latente,
Qualquer que ela fosse,
Apenas tu.

A paz!

Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR

sábado, janeiro 08, 2011

LONGE

(imagem recolhida na internet) .

Entre o longe dos teus olhos
E a distância das raízes,
Lembro dias mais felizes
Longe deste mar de escolhos.
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Lembro um tempo, sem idade,
Julgo ouvir-te e o que me dizes.
-Turbilhão de tantas crises,
Toda a minha mocidade -.
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Vejo, imagem da saudade,
O teu rosto, sorridente,
Que me anima docemente;
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E, vivendo a crueldade
Dum deserto de distância,
Sinto a dor da minha ânsia.
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Vítor Cintra
Do livro: ENTRE O LONGE E O DISTANTE

terça-feira, janeiro 04, 2011

MALEITA

(imagem recolhida na internet)
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Passaste por mim, ondulante,
Os olhos sorrindo ternura,
De quem quer levar-me à loucura;
Na boca um trejeito pedante.
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Os seios dançando, promessas,
Desejos velados, doçura,
Clamando paixão, aventura,
Forçando o corpete, sem pressas.
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E, soltos ao vento, os cabelos,
Deixando um aroma no ar,
Um rasto de ti, que perdura,
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Acenam-me sonhos. Ao vê-los,
Meu corpo se agita a chamar
Por ti, qual maleita sem cura.
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Vítor Cintra
Do livro: PASSAGENS