quinta-feira, dezembro 30, 2010

Um Bom Ano 2011


Que o ano de 2011 possa ser menos mau do que aquilo a que os políticos nos condenaram.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

SERVIDÃO

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Crianças de qualquer raça,
Cultura, crença, nação,
Num tempo, que agora passa,
Sujeitas à servidão.
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Em lógica que ultrapassa
Qualquer humana razão,
Infância feita desgraça,
Amarga de coração,
Tornada numa ameaça
Da próxima geração.
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Revolta, sob mordaça,
Calada por coacção;
Nas almas, sob devassa,
Cuidados que seus não são.
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Vítor Cintra
Do livro: MEMÓRIAS
Neste tempo, que se pretende seja de paz, de esperança, de solidariedade, não é possível esquecer que, mundo além, existem milhares de crianças vivendo em situação de SERVIDÃO.

quinta-feira, dezembro 23, 2010

FELIZ NATAL


FELIZ NATAL PARA TODOS VÓS, AMIGOS!

segunda-feira, dezembro 20, 2010

RESPEITO

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Pelas beiras dos caminhos
Sabe Deus quantos velhinhos
Andarão neste Natal,
Sem que o mundo à sua frente
Lhes prometa que o presente
Não será sempre o normal.
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Quando o hoje é semelhante
Ao passado, já distante,
Como o ontem foi igual,
O futuro não existe
Num presente, que é tão triste,
Sem prever melhor final.
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O saber de muitos povos
Determina que os mais novos
Reconheçam ao idoso,
Na velhice, ter direito
A viver com mais respeito
E uns anos de repouso.
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Mas serão tão atrasados
Esses povos, apontados
Como gente mais selvagem?...
Ou será que o Ocidente
Se tornou tão indif'rente
Que recusa aprendizagem?...
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Vítor Cintra
Do livro: RELANCES
Num tempo em que os bens e erário públicos se aproximam da exaustão, mas continuam a ser sugados por gente sem vergonha, sem escrúpulos e sem moral, é forçoso que lembremos aqueles que, apesar de mais necessitados, continuam esquecidos.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

AMAZONA


Lançando-se a galope pelo prado,
Sem sela na montada e semi-nua,
Surgiu, como visão, à luz da lua,
Aos olhos do cativo, naufragado.
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Trazidos nas correntes da maré,
À costa - enregelado até aos ossos -
O mar lançou, com ele, alguns destroços,
Despojos do naufrágio da galé.
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Há morte, numa lança já em riste,
Suspensa dum só gesto, que desiste
Ao ver o moribundo agrilhoado.
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Desmonta, a amazona, do cavalo.
Hesita, mas resolve-se a tratá-lo
E, lesta, vai rumando ao povoado.
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Vítor Cintra
Do livro: DIVAGANDO

domingo, dezembro 12, 2010

SEQUÊNCIA

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São as horas que vivemos
Em perfeita consonância,
Que nos lembram que tivemos
Rm comum a nossa infância.
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Foram tantos os folguedos,
Tão feliz a meninice,
Sem cuidados, sem segredos,
Numa ou outra brejeirice.
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Muitos sonhos do passado
Foram mais tarde certezas,
Sem haver nisso surpresas.
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A razão, posta de lado,
Deu lugar ao sentimento
Que vivemos no momento.
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Vítor Cintra
Do livro: MEMÓRIAS

quarta-feira, dezembro 08, 2010

SENHORA DA CONCEIÇÃO

Em Alcobaça a memória
Chama-te Mãe da Vitória,
Ao relembrar Santarém;
E, mais além, na Batalha,
Que o Mestre quis por mortalha,
És da Vitória também.
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Mas foi em Vila Viçosa
Que, Virgem Mãe, poderosa
Senhora da Conceição,
Abriste porta à coragem,
Abençoando a linhagem
Que resgatou a Nação.
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És, Santa Mãe, Padroeira,
Entre as rainhas, primeira,
Das terras de Portugal,
Dom João o decretou
E o povo todo aclamou.
És devoção nacional!
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Vítor Cintra
Do livro: AFAGOS

sábado, dezembro 04, 2010

PIROPO

Abre-se em graça teu rosto,
Numa candura feliz,
Quando alguém passa e te diz
Ditos brejeiros, com gosto.
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Seja, ou não seja, suposto
Ser o piropo a raiz
Doutros dichotes mais vis,
Nunca há-de ver-se indisposto.
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Esse seu ar bem-disposto
Vem, quando deles te ris,
Só porque soam pueris.
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Seriam, sim, de desgosto
Se feitos doutro cariz
Mais triste, ou mais infeliz.
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Vítor Cintra
Do livro: AFAGOS

quarta-feira, dezembro 01, 2010

BRAGANTINA

Amordaçado fora o reino inteiro;
O povo, empobrecido, escravizado.
Filipe, que a reinar era o terceiro,
Tratava com desprezo o povo errado.
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Estava-se em Dezembro, no primeiro.
Em actos de revolta consertados,
Matando, na Ribeira, o conde Andeiro,
Entravam em acção os conjurados.
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E logo todo o povo de Lisboa,
Num brado «Viva o Rei!», que longe ecoa,
Se junta aos conjurados e os anima,
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Como todo o Portugal se agigantando
E o Duque de Bragança no comando,
Nascia a dinastia Bragantina.
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Vítor Cintra
Do livro: DINASTIAS

sábado, novembro 27, 2010

MINHA ALMA

Minha alma, tu que arrastas, num calvário,
Os sonhos que, na vida, não cumpri,
Preserva todo o meu imaginário,
Em versos segredados, junto a ti.
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E deixa que, no tempo, só as dores
Se esvaiam da memória e, aí,
Só restem as lembranças dos amores
Dilectos, de que outrora me perdi.
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Se o tempo de tentar outra vivência
Deixar que nunca a voz da consciência
Me fale, porque a vida me sorri,
.
Permite-me, minha alma, renascer,
Perder-me então de amor e, sem temer,
Viver essa paixão que não vivi.
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Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS

terça-feira, novembro 23, 2010

DEUSA

Deleita-se Afrodite em sono breve,
Depois de saciada em seus amores;
No corpo, abandonado sobre flores,
Carícias duma brisa muito leve.
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Adónis, que partiu após o coito,
Tomado do maior encantamento,
Deixou-a ficar só, no firmamento,
Brilhando sobre a praia do Magoito.
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Se «Roma», que de Vénus a chamou,
A viu, depois, brilhar de madrugada,
Estrela, numa noite enluarada,
.
Frustrada no amor, que lhe roubou
A deusa, que diogo possuía,
Em pranto se quedou, até ser dia.
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Vítor Cintra
Do livro: ECOS

sexta-feira, novembro 19, 2010

SENTI

São tuas
as mãos que acariciam a dor,
deslizam no corpo,
acendem calor;
São teus
os sorrisos que deixam sabor
de paz e conforto,
que geram vigor.
.
E teus
são os sonhos, que aquecem a alma
e fazem o tempo
parar num momento;
E tuas
as tardes que despertam a calma
E um sopro de alento
No meu eu, sedento
de ti
e do que senti
.
Vítor Cintra
Do livro: ANALOGIAS

segunda-feira, novembro 15, 2010

UM SINAL

Existe em ti um sinal
Que não tem noutra rival.
Quando tu passas na rua,
Um balançar sensual,
Que se vê ser natural,
Tem uma marca só tua.
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A cada passo escorreito
Os seios tremem, dum jeito
que, neles, prende o olhar;
E o corpo cheio, bem feito,
Provoca sempre um efeito,
Que é belo, no teu andar.
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Cabelos soltos, ao vento,
Acabam sendo tormento
P'ra quem te vê, a passar,
Mas vem de ti um alento
Que, mesmo sem 'star atento,
Se nota. Fica no ar.
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Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS

domingo, novembro 07, 2010

TEU NOME

Teu nome e o meu amor de adolescente
Gravei, no coração, com ferro em brasa;
E nele, como que na própria casa,
Irão permanecer eternamente.
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Unidos, por um laço permanente,
Teu nome e este amor estão ligados;
Mas foram, pela vida, separados
Sem ver-se uma razão, mesmo aparente.
.
E na separação que, de repente,
A vida decretou, por agonia,
Teu nome, repetido cada dia,
.
Foi chama deste amor, amargamente
Cstrado do encanto e alegria,
Que só na comunhão se alcançaria.
.
Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS

domingo, outubro 31, 2010

SONHOS

Quando não temos mais nada,
Além de muita ilusão,
A vida fica parada;
As noites são solidão.
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Viver o tempo do sonho,
Deixando o mundo de lado,
Torna o futuro risonho;
Faz do presente passado.
.
Mais do que qualquer riqueza
Importa que, cada dia,
O sonho traga alegria.
.
Quem vive co' a incerteza
Do que reserva o futuro,
Sente-se sempre inseguro.
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Vítor Cintra
Do livro: DESABAFOS

quarta-feira, outubro 27, 2010

BEIJO

Um beijo só, abre o mundo,
Gera a visão, num segundo,
De doces céus, felicidade,
Sonhos, paixão, ansiedade.
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Acende luzes, mil cores,
Loucos desejos, ardores.
Dita silêncios, ousados,
Com mil segredos trocados.
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Desperta fadas, druídas,
Ondas de choque sentidas.
Cala o pudor dos sentidos.
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Desvenda mundos perdidos.
Solta ilusões reprimidas,
Ânsias de posse sentidas.
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Vítor Cintra
Do livro: AFAGOS

domingo, outubro 24, 2010

ENCANTO

Mostram teus olhos encanto
P'lo mundo, feito de cores,
Que te seduz com amores,
Onde não há desencanto.
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Vestes ao mundo esse manto
Que faz ser fácil viver
Só, sempre só, de prazer,
Sem nada mais. Por enquanto.
.
E os olhos abrem-se tanto
Para um viver irreal
Que, muito mais do que mal,
Hás-de colher dor e pranto.
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Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS

quarta-feira, outubro 20, 2010

UM CÉU

É teu
esse carinho, que me aquece,
que me enobrece
e me deslumbra;
.
É meu
o privilégio de te ver,
sem perceber
esta penumbra,
.
Que faz o coração sorrir,
por se sentir
num céu.
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Vítor Cintra
Do livro: ANALOGIAS

sábado, outubro 16, 2010

PEDAÇOS

Pedaços do meu sentir
São sonhos de amor,
Paixão,
São restos de dor,
Perdão,
São ecos dos sentimentos;
.
Pedaços do meu sentir
São manchas de cor,
Visão,
São rastos de odor,
Canção,
Que surgem de pensamentos.
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Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS

terça-feira, outubro 12, 2010

NOITE DE LUAR

Numa noite de luar
Fui bater à tua porta,
Por apelo do amor,
Vi, na luz do teu olhar,
A paixão e, o que importa,
Vi desejo, vi calor.
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Um sorriso de carinho
Foi a voz de "boas vindas",
Que acolheu o meu bater;
E um gesto, de mansinho,
Dessas tuas mãos tão lindas,
Disse mais do que o dizer.
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Despojados de embaraços,
Entre beijos e carícias,
Partilhados com prazer,
Murmurámos, entre abraços,
Brejeirices e malícias,
Num fervor a condizer.
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Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS

sábado, outubro 09, 2010

CABELOS

De mulher são os cabelos
Que me deslumbram ao vê-los,
Pois , mostram leveza e graça,
Em cada uma que passa.
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Há-os longos, cacheados,
Rebeldes, mas entrançados;
Outros, curtos, são domados
Com graça, mal penteados
Mas lindos. São de mulher,
Qualquer que seja. Qualquer!
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Vítor Cintra
Do livro: AFAGOS

quarta-feira, outubro 06, 2010

SENHORA

S E N H O R A
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Dizeis, senhora, que os meus olhos tristes
Espelham um desgosto, qual lamento
De quem não tem amor, a seu contento;
E, até, que um tal desgosto nunca vistes.
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Sois vós, senhora minha, o meu tormento.
Sois vós que me tirais, no dia a dia,
Desejo de alcançar, com alegria,
O sonho de viver um novo alento.
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Se vedes, nos meus olhos, tanta dor
E não descortinais qual a razão,
Cegueira há no vosso coração..
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Se, vendo, renegais o meu amor,
Tirai, dessa tristeza, uma lição,
Pois quem despreza amor não tem perdão.
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Vítor Cintra
Do livro: FRAGMENTOS

terça-feira, setembro 28, 2010

SORRINDO

Se abres sorrisos à vida
Vivem teus olhos um sonho,
Que há-de espelhar-se em seguida
Nesse teu rosto risonho.
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Só vive a vida sorrindo
Quem de amarguras se despe
E, se num quadro mais lindo,
Pinta, do mundo, o que preste.
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Quadro que, nos tons vibrantes,
Põe, transbordando de luz,
Gestos que o sonho traduz.
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Gestos que são importantes
P'ra quem de amor se perdeu
Nesse sorriso tão teu.
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Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

quinta-feira, setembro 23, 2010

MITOS

Ao mastro agrilhoado com cadeias,
Lutando contra o mar, tempestuoso,
Ulisses, por destino, corajoso,
Fugia do encanto das sereias.
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Penélope tecia, sem parar,
Enquanto acontecia a sua espera,
Zelosa, no Olimpo, andava Hera,
Eolo, furioso, sobre o mar.
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Os deuses, esperando que o desvelo
Apresse e ponha fim nesse novelo
De que depende a vida do herói,
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Não sabem que Penélope porfia
E, se tecendo vai durante o dia,
À noite esse trabalho ela destrói.
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Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

sábado, setembro 18, 2010

IMAGEM

Teus olhos rasgados,
Castanho-dourados,
São lindos! São sonho!
São doce promessa
Que a vida começa
Num rosto risonho.
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Teus longos cabelos,
Sedosos e belos,
São asas ao vento,
Voando à procura
De doce loucura,
Dum encantamento.
.
Teus lábios vermelhos,
Tão jovens, são velhos,
Sorrisos, calor,
São fonte de beijos,
Sussurros, desejos
E juras de amor.
.
Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

domingo, setembro 12, 2010

OS OLHOS

Olhos azuis, cor de céu,
Duma beleza sem fim,
Quem, por amor, se perdeu,
Lembrá-los-á sempre assim.
.
Mas os castanhos, intensos,
São ternos, meigos de mais,
Vivem de arroubos imensos,
Amam, sem terem rivais.
.
Da cor do mar são os olhos
Onde navegam os meus,
Verdes, profundos, escolhos
De paixão, sombras e véus.
.
Porém, da cor do ciúme,
Cheios de mágoas e ais,
São os que põem negrume
Nos olhos negros, leais.
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Vítor Contra
Do livro Entre o Longe e o Distante

segunda-feira, setembro 06, 2010

AFAGOS

São ditos, são gestos,
Intensos, modestos,
São tudo, ou os restos,
De cada sentir;
Paixão reprimida,
Ou mágoa sentida,
Adoçam a vida,
Fazendo sorrir.
.
Ardentes e ledos
Desvendam segredos,
Desfazem os medos
E, logo a seguir,
Despertam sentidos;
Desejos, contidos
Em sonhos vividos,
Irão descobrir.
.
Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

quinta-feira, setembro 02, 2010

DELFINA

Filha de Delfos, que fazes
No topo dessa colina?...
Teus olhos são bem capazes
De te tornarem menina,
Na busca do tal momento,
Que chega na voz do vento.
.
Se Pítia te lançou já
O Dom do seu vaticínio,
Só o futuro dirá
Se é bom, ou mau, reciocínio
A escolha duma aventura
Que à vida traga doçura.
.
Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

sábado, agosto 28, 2010

CORAGEM

Perdida a inocência, na voragem
Das horas, dessa angústia que te fere,
Soubeste demonstrar que, ter coragem,
É mais do que se pensa, ou que se quer.
.
O mundo te deixou ao abandono
Depois que, qual farrapo emocional,
Te ter gerado, como cão sem dono,
Por gozo, irresponsável, de animal.
.
O frio, a fome, o sono, além do medo,
São todos os brinquedos que, criança,
Do mundo recebeste, como herança.
.
No teu sobreviver há um segredo
Que é feito de heroísmo e da carência,
Que cedo te roubou a inocência.
.
Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

sexta-feira, agosto 13, 2010

EMIGRANTE


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Deixas a terra que te viu nascer,

Partindo em busca da felicidade;
Como bagagem levas a saudade
E o forte empenho de sobreviver.
.
Se um bom carácter te moldou o ser,
Fortaleceu-te na tenacidade
A tua vida, cheia de vontade
De trabalhar, de ser alguém, vencer.
.
Emigras hoje, porque te consome
Ver só migalhas, p'ra matar a fome,
Sem um lampejo de prosperidade,
.
Para que os filhos tenham, cada dia,
Mais farto pão, a paz e alegria
E um futuro de tranquilidade.
.
Vítor Cintra
Do livro ENTRE O LONGE E O DISTANTE

domingo, julho 04, 2010

TEU SORRISO



















Tem teu sorriso o encanto
Que a minha alma delicia;
Porque me envolve, qual manto,
Por ele te quero tanto,
Meu sonho feito magia.

Tem teu sorriso recato
Que o torna simples, mas belo;
Mas é tão vivo e inato
Que o coração fica grato
Só por poder percebê-lo.

Sorriso, feito alegria,
Só esse teu.Com desvelo,
Nas horas de nostalgia,
Só ele me acaricia.
Não quero, nunca, perdê-lo.


VITOR CINTRA
do livro " Pedaços do Meu Sentir "

segunda-feira, maio 31, 2010

REVELAÇÃO


Enquanto guarda em si mesmo
Muita tristeza,
Semeia sonhos a esmo,
Só de grandeza.
Abraça o mundo encantado,
Onde a magia
Constroi eterno legado
De fantasia.
Embora farto em riqueza,
Na poesia,
Apenas colhe pobreza,
No dia a dia.
.
O que revela um poeta
É uma alma de asceta.
.
Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR

quarta-feira, abril 28, 2010

Abro-me







 



Abro-me!

E, olhando o céu,
me vou,
ave sem asas
ao sabor da aragem
que o pensamento me sopra,
inconstante e leve,
rumo ao azul;
Mergulho infinito
ao meu eu interior.
E já não estou!
E já não sou
senão a projecção do longe,
que absorve a distância,
se repete,
e se perde no esquecimento.
E, sendo eu,
de novo,

Fecho-me!

VITOR CINTRA
do livro " Entre o Longe e o Distante "

quinta-feira, abril 22, 2010

Reflexão













Ao escrever contei as penas
Da minh'alma amargurada;
Não são grandes, nem pequenas,
São as minhas, só, mais nada.

No papel pus o sentido
Dado às coisas desta vida;
Nunca o tempo foi perdido
Por ser gasto nesta lida.

Talvez quem, um dia, leia
O que escrevo, nesta hora,
Sinta o mesmo que eu, agora.

Depois de uma vida cheia
De trabalhos e desgostos,
Quem deseja ter opostos?


VITOR CINTRA

do livro " Entre o Longe e o Distante "

sábado, abril 03, 2010

PÁSCOA FELIZ


A todos os amigos, votos de Páscoa Feliz

segunda-feira, março 29, 2010

EM TI...


Em ti se engrandece a vida!
Em ti se repete o mundo
E, num confronto fecundo,
Em ti começa a subida.
.
Em ti se resume a esp'rança!
Em ti se vive o futuro
E, num impulso seguro,
Em ti se faz a mudança.

Em ti a paz acontece,
Com grande sagacidade
E toda a tranquilidade.

Em ti a luz aparece,
Em cada olhar, cada gesto,
Por mais que seja modesto.

Vítor Cintra
Do livro: PEDAÇOS DO MEU SENTIR

quarta-feira, março 24, 2010

Paranóias...poema de...VITOR CINTRA






















A quem vê sempre mistérios
Em assuntos pouco sérios
Tudo pode acontecer;
Num delírio que nos pasma,
Cada canto seu fantasma,
Muito pouco há a fazer.

Adianta dar remédio
A quem tem por mal o tédio
E não quer coisa nenhuma?...
Vale mais fazer de conta
Que, por ser de pouca monta,
Não é mal que nos consuma.

Só se co'o correr do tempo
Se alterar o pensamento,
É que a vida se refaz;
Se um desgosto te consome,
Para quê trocar-lhe o nome?...
Se não mudas... tanto faz!


Vitor Cintra
do livro " ECOS "

sexta-feira, março 12, 2010

FÚRIA

Do céu, enquanto raios de desgraça
Lampejam, com furor, na noite escura,
As núvens, que nasceram ameaça,
Derramam-se em torrentes de água pura.
.
Ressoa, com fragor, por toda a parte,
A voz tonitruante de Vulcano,
Mais forte que a irada voz de Marte,
Capaz de intimidar qualquer humano.
.
O vento, que fustiga em desespero
As copas dos coqueiros desgrenhados,
Mergulha de rochedos escarpados;
.
Num silvo, que enfurece o mar severo,
Encontra, no rugir da profundeza,
Mais ecos do que tem na natureza.

.
Vítor Cintra
.
Do livro PEDAÇOS DO MEU SENTIR

domingo, fevereiro 28, 2010

MEMÓRIAS


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Muito mais do que um desejo,
Ou simples necessidade,
Conto sempre co'a verdasde,
Ao registar o que vejo,
Mesmo só no pensamento.
Busco, depois, na lembrança
Idas a tempos passados,
Quando sinto que, marcados,
Uns tempos são pela esp'rança
E outros p'lo sofrimento.


VITOR CINTRA

sábado, fevereiro 20, 2010

QUEM VIU...



















Quem viu passar o tempo dia a dia,
Na sombra dum passado, tão presente,
Ainda que se sinta descontente
Por não ter feito aquilo que podia...
Vai desistir da vida tão depressa,
Sem crer no amanhã, que já começa?...

Quem viu nascer, um dia, a madrugada
Sentindo em si crescer o sentimento,
E vê, depois, perder-se, num momento,
O muito que já teve...Já sem nada,
Não pode desistir dum recomeço
Sem que isso represente um alto preço.

Quem viu tomar alguma dianteira
Àqueles que, sem ter maior valor,
Ousaram distorcer, a seu favor,
Verdades, que mancharam de sujeira,
Só pode demonstrar que, sendo honrado,
Distingue o que está certo do errado.

VITOR CINTRA

sábado, fevereiro 13, 2010

MENINO DA RUA




















Manhã triste, negra, fria,
Pés descalços pelo chão,
Arrastados, cada dia,
Na procura de algum pão.

Sem bondade, nem carinho,
Sem o mais pequeno afecto,
Sem destino no caminho,
Sempre em busca de algum tecto.

Cruza um mundo sem sentido,
Quase sempre tão temido
E distante como a lua.

Enteado da fortuna
Sobrevive por lacuna,
É menino, mas da rua.

VITOR CINTRA

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Conceitos














Existem, nos conceitos de virtude,
Opostos que não podem conjugar-se,
Ainda que mudanças de atitude
Permitam, pouco a pouco, que se mude
A forma como devem encarar-se.

Não é no preconceito que reside
O termo de equilíbrio necessário,
Apenas o bom senso não agride
E, mesmo com razão, nunca colide
Com mentes que defendem o contrário.

Dizer que se ama alguém só é verdade
Se, tudo o que nos liga a esse amor,
Tiver como princípio lealdade;
Sabendo que não há felicidade
Se não houver respeito, sem temor


VITOR CINTRA

sábado, janeiro 23, 2010

PESCADOR

Olhando o oceano, o pescador
Mergulha na distância o olhar triste,
Alheia-se do mundo ao seu redor
E vive da lembrança, que persiste.
.
É velho!... Já não pode agora tanto!...
O tempo, que o esgotou pelo cansaço,
Aumenta-lhe na alma a dor do pranto,
Que a vida não chorou, por embaraço.
.
Aos netos, com saber outrora feito,
Contando vai lições, que tem da vida,
Sem nunca confessar que foi sofrida.
.
Cansado, o coração mantém, no peito,
Cadência de batida. Ainda assim,
Ao som do marulhar do mar sem fim.

.
Vítor Cintra
do livro PEDAÇOS DO MEU SENTIR

segunda-feira, janeiro 11, 2010

AO ACASO

















Ao acaso 'screvi os meus poemas
Sem receio das críticas de alguém;
Ao acaso seleccionei os emas,
Convencido de que o fazia bem.

Ao acaso deixei meus pensamentos
Estampados em folhas de papel;
Ao acaso senti, muitos momentos,
Nesses versos amargo gosto a fel.

Ao acaso deixei correr o tempo,
Mergulhado na minha solidão,
Sem ter medo da perda da razão;

Conseguindo viver, a meu contento,
O direito dum sonho, sem ter prazo,
Ao acaso, mas não por mero acaso.


VITOR CINTRA
do livro " Ao Acaso "

quarta-feira, janeiro 06, 2010

ESSÊNCIA





















ESSÊNCIA
Nem medusa, nem sereia,
Nem golfinho, nem baleia,
Fazem ondas, ou marés,
Nem as roupas, nem os dotes,
Nem riquezas, nem os motes,
determinam quem tu és.

São os ventos, é a lua,
E as correntes, quem actua
Sobre a força que há no mar,
Como são os pensamentos,
Alegrias, sofrimentos,
Que te ensinam a mudar.


VITOR CINTRA
do livro " Ao Acaso "

domingo, janeiro 03, 2010

ESTOU SÓ

No cair da noite,
Chega a saudade
Para adensar as brumas.
As estrelas
Ciciam-me o teu nome.
Ao vê-las,
A lua,
Atenta à minha solidão,
Esboça um bocejo de escárnio,
Que me desliza na alma
E vem toldar-me o coração.
É a hora do teu sorriso,
Que já não vejo.
É o instante da ternura,
Que já não respiro.
O negrume da morte
- Que te roubou -
Lança-me a angústia
Por companheira
E deixa-me mergulhar no vazio.
.
Estou só!
.
Vítor Cintra
Do livro: Pedaços do Meu Sentir